"SENTI ADRENALINA PURA MAS TAMBÉM SÓ QUERIA QUE A ONDA ACABASSE"

Joana Andrade diz que este foi o melhor presente de Natal que podia ter recebido.

 

Por Patrícia Tadeia

A boa notícia chegou no início desta semana. Joana Andrade é uma das candidatas aos prémios Billabong XXL na categoria “Biggest Wave Ride”. O Pai Natal chegou assim mais cedo para Joana, que poucos dias antes do Natal surfou em Papoa, Peniche, a maior onda por uma mulher portuguesa, estimada entre 8 a 10 metros. A surfista da Ericeira, que conta já com vários títulos a nível nacional e europeu, contou à SurfTotal como foi este dia e falou do que muda na sua vida com esta onda.


Há uns tempos resolveste aventurar-te e fazer um curso de tow in. Mas quando chegou a altura de ir para Peniche ainda hesitaste. A que se deveu essa hesitação?
Devido a ter pouco tempo de tow in... Mas só de saber que ia com os melhores senti-me mais segura!

 

O acidente com a Maya Gabeira surgiu em que ponto? Já tinhas feito o curso? De alguma modo te assustou?
Não me assustou, é um desporto de alto risco. Uma pessoa tem de estar preparada tanto a nível psicológico e físico. Pode acontecer um desastre mas tento não pensar muito e arriscar. O curso da jet resgate ajudou-me bastante. Aliás, sem ele, acho que não dropava aquela onda. É muito importante ter as bases todas e o curso ensinou-me isso tudo.

 

O que sentiste nesta onda que fizeste em Papôa? Como a descreves?
Senti adrenalina pura, uma velocidade incrível, mas ao mesmo tempo só queria que a onda acabasse, parece uma eternidade descer a onda (risos) quando olhei para cima e vi uma cortina gigante a dobrar pensei, que se entrasse era o tubo da minha vida. Mas senti que não estava preparada e não arrisquei entrar naquele salão gigante! Então deixei me descer até ao fim. É uma onda com grande potencial que dobra no meio e dá alto tubo. Depois começa a desfazer lentamente e abre um canal!

 

No final da onda, quando és sugada pelo mar, o que se sente? É difícil não entrar em pânico, certo?
O pânico é teu pior inimigo nesta situação. É manter a calma e saber que tudo vai correr bem!

 

Qual é a importância de ter a equipa certa contigo, durante uma sessão de ondas gigantes?
É muito importante saber que a pessoa da mota de água tem muita experiência e que te vai buscar logo. Neste caso, tive a sorte de ser puxada pelo melhor. Ramon [Laureano], a ti tenho de agradecer esta onda e a confiança!

 

Foi uma sessão com mais adrenalina que a de Jimmys Right, na Indonésia? Podes comparar as duas?
Diferente, teve mais adrenalina a do tow in em Peniche. A outra, na Indonésia foi um mix de pânico e adrenalina. Pânico por ver uma amiga minha, a Joana Rocha, a ser sugada por aquelas ondas e eu sei nada conseguir fazer. E adrenalina por surfar aquelas ondas sozinha!

 

O facto de se recorrer ao tow-in diminui de alguma forma o medo que se sente? O tow-in ajuda na confiança?
Não digo medo, mas sim mais confiança. Só de saber que tens o teu companheiro da mota de água ali ao teu lado ganhas outra confiança. É um trabalho de equipa mas que exige muito trabalho e dedicação. Medo temos sempre... temos é de confiar!

 

Já é oficial que com esta onda te candidatas aos prémios Billabong XXL na categoria “Biggest Wave Ride”, com a maior onda surfada por uma mulher portuguesa. O que é que isto te faz sentir?
Foi o melhor presente que poderia ter tido este Natal. Faz-me sentir viva de novo, cheia de pica para continuar. É uma grande honra para mim entrar no XXL.

 

Esta nova fase de tow in, significa uma nova fase na tua vida profissional?
Sim, sem dúvida.

 

A que outro momento da tua vida podes comparar esta onda? Em termos de intensidade?
Até agora nenhuma! :)

 

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