Será o fim da era Kelly Slater?

Poderá a recente lesão pôr em causa a sua continuidade no World Tour?

 

Kelly Slater foi operado ao pé a semana passada, fruto de uma lesão contraída numa sessão de free surf durante o Open J-Bay. Ele próprio atualizou os fãs através das redes sociais dizendo que a operação foi um sucesso. 

 

Inicialmente, o 11x campeão mundial de surf tinha previsto 6 a 8 semanas de recuperação, mas após a primeira consulta médica o prognóstico foi bem diferente e apontou para 4 a 6 meses. Isto mudou por completo o cenário  e as suas legítimas ambições. Na primeira opção o norte-americano perderia apenas uma etapa (a do Taiti), enquanto na segunda arrisca-se a não competir mais até ao final do ano. 

 

Os rumores de um afastamento do World Tour há muito que reinam e dominam a media do surf. No entanto, no final de 2016, Kelly Slater fez questão de sossegar a legião de fãs. Na altura ele foi bem claro e afirmou que em 2017 tentaria, mais uma vez, a conquista do 12.º título mundial da carreira. 

 

 

“Penso que vou tentar o título mais uma vez no próximo ano. Estou muito inspirado com tudo o que aconteceu na segunda metade deste ano. Portanto, vou aproveitar estes próximos quatro meses para recuperar o meu corpo, ganhar motivação, afinar as pranchas e se tudo correr bem ver se posso mesmo focar-me no próximo ano,” foram as suas palavras na altura. 

 

Na verdade, as lesões e o norte-americano não são algo incomum. Ainda este ano, no Rio Pro, a quarta etapa da Championship Tour, KS optou por não estar presente em Saquarema devido a dores intensas nas costas. Em vez de ir ao Brasil, ficou na Austrália a recuperar. 

 

No entanto, caso não recordem, é bom lembrar que nos últimos anos ele já teve problemas nos joelhos, ombros, lombar, etc; típico de quem compete ao mais alto nível há tanto tempo, mas que na verdade o têm impedido de alcançar um novo título mundial desde que conquistou o último, há seis anos atrás, em 2011. 

 

É aqui, precisamente, que paramos para pensar. É hora de perguntar: Estaremos nós perante o final da era Kelly Slater?

 

Nós queremos acreditar que não, muito sinceramente, até porque Slater é daqueles surfistas que parece melhorar com o tempo, mas os dados e as evidências levam a crer que sim. Em cinco campeonatos disputados até ao momento apenas na Gold Coast logrou passar do Round 3. Neste momento encontra-se em 20.º lugar do ranking mundial. Para quem se propôs a correr atrás de mais um título mundial isto é muito pouco (comparado com o que tem produzido nos últimos 25 anos). 

 

 

O mais provável, caso se verifique a ausência até ao final da temporada, é que saia mesmo do top 34 (o que seria inédito). Ainda assim não temos qualquer dúvida que a WSL lhe atribuirá um “wildcard” por lesão para que esteja presente no tour em 2018. Merecido. 

 

A grande questão é saber se Kelly Slater estará disposto a aceitar? Conseguirá o campeão recuperar a tempo? Estará ele a 100%? Part time ou a tempo inteiro? Estará suficientemente motivado após seis meses de afastamento dos palcos da ação?

 

Com 45 anos e vários problemas físicos a assombrar a sua carreira nos últimos tempos, Slater já não é propriamente um miúdo nem tem a frescura de outros tempos, tem os pés bem assentes na terra e poderá mesmo mostrar-se relutante em aceitar o convite da WSL. 

 

A sua hora pode ter chegado sem aviso prévio, mas a última palavra, parece-nos, é sempre sua. A presente reflexão revela ainda um dado que não deixa de ser um duro golpe para os amantes do surf: Jeffreys Bay poderá ter sido a última vez que envergou uma licra de competição. 

 

Será? 

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