Gony Zubizarreta no limbo. Click por João Brakourt Gony Zubizarreta no limbo. Click por João Brakourt quinta-feira, 25 maio 2023 07:35

"Creio que surfar é uma busca de uma existência mais agradável...."

O país que a partir do mar presenteou novos mundos ao Mundo assume, nos dias de hoje, um vínculo multifacetado.

 

O surf como vector de contribuição para a sanidade mental da sociedade escrito numa crónica multifacetada por Catarina Moura.

 

 

 

 

Vivente mar salgado:

 

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"É ali, naquele palco inusitado de ondas,

que encontramos a saída para os nossos problemas

pessoais e globais..."

 

 

Portugal é, inseparavelmente, mar. Nesse mar que descobrimos, nessas ondas que vivemos, podemos dizer que Portugal sempre teve uma grande ligação ao mar, nas vidas da vida da gente, com uma riqueza imensurável da sua costa. O povo lusitano não é nada sem o mar, forjador da identidade nacional e, consequentemente, impulsionador de empregos e momentos de prazer.

Com uma identidade intrinsecamente marítima, são localidade como Peniche, a Ericeira e a Nazaré, que não deixam a memória do tempo morrer. As suas praias, com inúmeras ondas de renome e com condições idílicas pelo litoral fora, são frequentadas durante o ano inteiro, por milhares de turistas motivados pelo surf, permitindo, por isso, que as escolas de surf estejam operacionais todo o ano, dinamizando, consequentemente, a economia local.

O surf é uma das práticas desportivas mais antigas do mundo com inúmeras historias enraizadas que se perdem, elas próprias, temporalmente. Todavia, definir o seu nascimento, numa época específica, é uma tarefa inglória. Remontando a aproximadamente, mais de mil anos atrás, terá sido descoberto, há mais de duzentos anos, depois das grandes navegações. As suas estirpes remontam às tradições muito ancestrais de povos provenientes do Pacífico, como é o caso do polinésio.

 

 

 

"Definir, plenamente, o conceito de surf é dificílimo.

 

Constantemente, filósofos, poetas e cientistas, tentam definir o amor e nunca conseguem..."

 

 

 

Definir, plenamente, o conceito de surf é dificílimo. Constantemente, filósofos, poetas e cientistas, tentam definir o amor e nunca conseguem. Falham redondamente, que nem Camões ou Fernando Pessoa dada a sua variante mutante. É por isso, muito complicado explicar o que é que é, realmente surfar. Todavia, o surf é inegavelmente um íman económico, sofrendo evoluções proveitosas ao longo das décadas. Associado a um estilo de vida alternativo, é considerado, até ao presente, uma parte intrínseca da cultura contemporânea.

 

 

 

"Gonçalo Cadilhe uma vez realçou que o turismo de surf é indestrutível

 

quanto atingido por crises económicas..."

 

 

 

Surfar vincou-se como um símbolo de busca incessável pela onda utópica ao virar da descoberta, como é o caso de destinos como a Indonésia, Marrocos, Austrália ou até mesmo a África do Sul. Consequentemente, este desporto foi assumindo vários papéis com o passar dos tempos, o social, o económico e o de turismo, dada a sua natureza multidimensional. Gonçalo Cadilhe uma vez realçou que o turismo de surf é indestrutível quanto atingido por crises económicas, ameaças terroristas, catástrofes naturais, pois é um nicho de mercado continuado e sustentável. Acredito que seja devido à cultura peculiar e ao estilo de vida, em que o próprio surf se metamorfoseou, conseguindo, assim, atrair aqueles que, apaixonadamente vivem essa realidade ou simplesmente, aqueles que se identificam com a sua filosofia.

 

 

 

"O surf é uma porta sem chave na esperança de desunir..."

 

 

 

O surf, que nos dias de hoje está na crista a onda é indubitavelmente e essencialmente uma experiência pessoal e individual, portanto, é dificilmente quantificável mas possível de explicação. Creio que surfar é uma busca de uma existência mais agradável. É uma janela descerrada à liberdade, um silêncio acolhedor e um later fervescente da aventura. O surf é uma porta sem chave na esperança de desunir. É um horizonte inumerável para lá das cortinas. É o que és e o que já foste. Naquele instante. Urgente. Veemente. É um sim e um não. É um copo de vinho na mesa. É a boémia da escuridão da madrugada. É um abraço coletivo. É a certeza de uma madrugada na estrada à procura da tal. É um amor que não morre. Por esses motivos, é irremovível enquanto vector de contribuição para a sanidade mental da sociedade. E é vital para a nossa sobrevivência.

 

 

"para nós, surfistas,

 

a sofrósina é vivente do surf..."

 

 

Actualmente, vivemos tempos assustadores e de liberticídio. Onde combater a solidão e a rotina é uma tarefa desgastante. Permanecemos questionados de dúvidas e de inquietações. Com um vazio no peito que se cala. Porém, para nós, surfistas, a sofrósina é vivente do surf. É ali, naquele palco inusitado de ondas, que encontramos a saída para os nossos problemas pessoais e globais. É o nosso refúgio. É um jardim de epopeias de amor, sem fim. É ser e estar. Naquele coração do mar. Que há sempre de voltar. Impetuoso até ao dia em que a saudade rasga acolá o ventre e abraça, peito a peito, a vida que ficou à espera.

 

*Por Catarina Moura

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