Os atletas já se encontravam na água há algum tempo, mas antes do heat ter lugar a prova contou com a visita de um tubarão (novamente) e ajudou a aquecer os ânimos. Cerca de 15 a 20 minutos mais tarde, o animal finalmente rumou a outras paragens e a competição pôde retomar. 

Na primeira troca de ondas entre Frederico Morais e John John Florence, no Heat 2 dos quartos de final do Corona Open J-Bay, foi precisamente o português que esteve melhor ao registar 8.17 pontos. 

O havaiano, como seria de esperar, respondeu na onda número três: 9.00 pontos. A partir daqui o duelo entre os dois estava mais do que lançado. 

Em termos de abordagens, Frederico parecia estar mais interessado em escolher as melhores ondas, em dar turns mais longos e de certa forma previsíveis. Já John John, mostrou um pouco mais de variedade. Além de carves majestosos, bateu no lip e investiu em alguns snaps. 

Assim, depois de Kikas ter assinalado a sua melhor onda, 8.23 pontos, John John aproveitou para passar para a frente do heat com 9.57 pontos, uma onda onde atirou muita água para o ar em três curvas com muita muita pressão. Kikas ficou em combinação, com um requisito alto de 18.58 pontos, mas não baixou os braços. 

A quinta onda do português, a 9 minutos do final, fez a diferença e relançou a bateria. Curva após curva, definitivamente numa das melhores ondas que já fez na rainha sul-africana, sem qualquer erro a apontar, Morais regista 9.77 pontos, a melhor onda da bateria até então e fica a precisar de 8.80 para passar para a liderança. 

Sendo o grande surfista que é, John John volta a passar para a frente deixando Kikas à procura de 8.90 pontos… nota que este consegue alcançar na sua última onda - o primeiro 10 para ele na competição, no World Tour e entre a elite mundial. 

Frederico, que já era o único rookie presente nesta fase, avança para as meias finais novamente com um heat histórico onde eliminou, pela segunda vez consecutiva, o campeão mundial em título, por 19.77 a 18.67 pontos. O surfista português já não sai da África do Sul sem um terceiro, igualando assim o melhor resultado de sempre de um português no WT (Tiago Pires e Vasco Ribeiro) e melhorando o 5.º lugar que conseguiu há meses atrás em Bells Beach. Sem dúvida, um passo muito importante rumo à manutenção no WT. 

Mais tarde, ao microfone da WSL, o português acabou por revelar que odeia tubarões, mas estava tão focado no heat e em surfar ao máximo que nem pensou nisso. “Acho que acabei por surfar bem, os scores são a prova. Sinto que quando tenho heats mais renhidos e exigentes me dou melhor. Eu adoro um bom desafio, este foi um bem difícil, mas estou nas meias finais. É louco, o meu primeiro 10 no Tour e logo frente a John John, o melhor surfista do mundo. É muito emocionante”, acabou por dizer. 

Lembram-se do que escrevemos aqui dias antes da prova começar? Que, apesar de ser considerado "outsider", Kikas era um dos favoritos para J-Bay? Pois bem, parece-nos que isto ainda não acabou e ele já provou do que é capaz. Kikas ainda tem, definitivamente, uma palavra a dizer.

A prova terminou após a segunda bateria dos quartos de final, deixando as restantes duas (Toledo vs. Jordy e Wilko vs. Wilson) para amanhã de manhã. Esta quinta-feira será o último dia de competição e aquele que definirá o novo campeão do Corona Open J-Bay. Conseguirá o "Prince of Portugal" dar uma alegria ainda maior aos fãs portugueses? Vamos aguardar e ver o que este nos reserva.

Para já, o que se sabe é que o próximo adversário é o brasileiro Gabriel Medina, campeão mundial em 2014 e vencedor do primeiro heat desta fase frente a Mick Fanning. 

Vamos!!!!