Francisco Benjamim: da paixão açoriana à afirmação nacional

Natural da ilha de São Miguel, nos Açores, Francisco Benjamim é um dos nomes em ascensão no surf nacional. Com apenas 20 anos, soma já um percurso sólido em diversas frentes competitivas — regionais, nacionais e europeias — onde se tem destacado pela consistência, empenho e ligação profunda à natureza.

Iniciou-se no surf aos 6 anos e, desde então, foi campeão regional em todas as categorias por onde passou. A nível nacional, integrou o top 10 Sub-16 e Sub-18, e brilhou no circuito Pro Junior, terminando 2023 no 4.º lugar do ranking, com um pódio em Santa Cruz. Em 2024, foi vice-campeão nacional universitário e terminou a sua melhor prestação na Liga MEO Surf com um 13.º lugar.

Mais do que competir, Francisco tem um objetivo claro: afirmar os Açores como destino de excelência para o surf e o turismo sustentável.

No âmbito do Fórum Surftotal, conversámos com Francisco, um atleta em plena atividade que partilhou a sua perspetiva sobre o apoio ao longo do percurso, o panorama competitivo atual e os desafios que persistem para quem ambiciona chegar ao topo do surf mundial a partir de Portugal.

Que apoio sente que tem tido ao longo do seu percurso?

Ao longo do meu percurso como atleta, sinto que entre os meus 10 e 17 anos nunca me faltou apoio — quer para competições, viagens ou treinos. No entanto, a partir dos 18 anos a situação muda. Há uma quebra significativa de apoios e isso reflete-se muito na motivação e continuidade dos atletas nesta fase decisiva da carreira.

Como vê o panorama atual da competição nacional?

Atualmente, considero que o nível do surf nacional está bastante elevado. Temos, na minha opinião, o melhor e mais competitivo circuito nacional — a Liga MEO Surf — onde participam grandes atletas, o que torna cada etapa um verdadeiro desafio de alto nível.

Acredita que há oportunidades reais de chegar ao CT estando em Portugal?

Sim, acredito. Portugal é um dos países com mais variedade e consistência de ondas do mundo, o que oferece uma excelente base de treino. É claro que é importante viajar para evoluir e contactar com outros níveis e estilos de surf, mas temos condições sólidas para formar atletas capazes de chegar ao WCT.

O que falta para melhorar o sistema de apoio aos atletas nacionais?

Do meu ponto de vista, é essencial haver mais apoio por parte de entidades públicas e privadas. Isso permitiria aos atletas dispor de melhores condições para evoluir — não só em termos técnicos, mas também logísticos e financeiros — tornando mais viável a construção de uma carreira sólida no surf de alto rendimento.

A Surftotal.com continua a recolher opiniões de atletas, pais, clubes, escolas, treinadores, marcas e dirigentes, com o objetivo de abrir um espaço de reflexão ativa sobre o presente e o futuro do surf em Portugal. Se quiseres partilhar a tua visão, entra em contacto connosco.