Tipi, o segundo a contar da direita. Tipi, o segundo a contar da direita. segunda-feira, 19 outubro 2015 15:46

"Há mais interesse de marcas externas nas ondas indonésias do que do governo"

Entrevista com o indonésio Tipi Jabrik, uma das figuras mais influentes do surf asiático.




Tipi Jabrik é uma das figuras mais influentes do surf indonésio, e um dos primeiros surfistas profissionais oriundos do arquipélago mágico. Hoje em dia, para além de continuar a surfar, está ligado à ASC (Asian Surfing Championships), e muito concretamente ao desenvolvimento do surf indonésio em particular, e asiático em geral. A Surftotal colocou algumas questões a Tipi, sobre o atual panorama do surf profissional por aquelas bandas.

 

O surf está finalmente a ‘entrar’ na sociedade indonésia?

O surf neste momento está com força, graças a muitos locais e ao apoio de algumas marcas. Está em crescimento para países novos como India, Tailâdia, Filipinas, Maldivas… e queremos que por cá se expanda para além da região de Bali.

 

Quais são as principais metas da ASC?

Desenvolver e promover o surf na Ásia e Indonésia, sem dúvida. Levar mais eventos de qualidade a estas regiões, para elevar o nível do surf e ter mais surfistas indonésios em competições da WSL. Ter mais surfistas de cá a competir em eventos QS e poder vir a ter representantes no Championship Tour da WSL - é o objetivo principal.

 

Como avalias a cultura de surf/oceano na Indonésia?

A cultura de oceano é forte, ou não estivéssemos rodeados por dois oceanos, o Índico e o Pacífico. Mas se formos a avaliar, o surf ainda é relativamente recente, apenas em meados dos anos 70 se tornou uma realidade. Temos várias grandes marcas de surf baseadas cá e que têm sido importantes para as pessoas tomarem consciência do surf e da cultura do oceano, para respeitarem mais o ambiente e puderem desfrutar das ondas e dos oceanos de forma limpa.

 

Não é fácil para um surfisa indonésio competir no estrangeiro, pois não? Achas importante para o reconhecimento do surf indonésio ter um representante no WCT?

Não é nada fácil viajar e competir no QS. Obter Visas é complicado e a Rúpia indonésia é pouco competitiva quando comparada com o dólar ou outras moedas, por isso é caro. Surfar em água fria também é duro para os indonésios, habituados a água morna. Para surfistas de outros países há geralmente duas épocas: água fria e água morna, pelo que é mais fácil para eles se adaptarem. Outra contrariedade são as saudades, os indonésios têm sempre muitas saudades de casa, porque têm famílias numerosas e estão habituados a estarem sempre perto delas. Mas temos o exemplo do Oney Anwar, que vive na Austrália e já mostrou aos outros surfistas que é possível ter sucesso e viver lá fora. No final do dia pode ser feita uma opção: ou escolhes a carreira de surfista profissional, ou ficas feliz por apenas surfar no teu quintal…

 

Existe alguém com potencial para chegar ao Tour?

Existem alguns surfistas com potencial, como o Oney, que já compete no QS, tem feito bons resultados e tem estado no top 100. O potencial existe, mas chegar ao CT não é fácil, pode levar 5, 10 anos, mas quem sabe…

 

Há novos eventos programados para 2016?

Sim, esperamos regressar às Mentawai e propor à WSL fazer um QS ou um CT em Lances Right. Temos estado em conversações, mas não é fácil o governo indonésio organizar um evento do CT, têm sido as marcas de fora a mostrar esse interesse, como a Oakley ou a Rip Curl. Há mais interesse externo nas ondas indonésias do que do próprio governo. É lamentável, mas pode ser que um dia mude.

 

Alguma mensagem que queiras deixar?

O surf na Indonésia está a ficar forte, e um dia esperamos ter um surfista no CT. Precisamos de uma mensagem optimista, tal como o surf é um estilo de vida saudável e positivo. Com o apoio do governo e dos media, teremos mais interesse do povo indonésio e dos media internacional, como foi o caso da Surftotal, e fazer crescer ainda mais o desporto.

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