'+ SURF' - DA FIGUEIRA PARA A AUSTRÁLIA: TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO A PARTIR DO SURF quinta-feira, 05 março 2015 14:00

'+ SURF' - DA FIGUEIRA PARA A AUSTRÁLIA: TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO A PARTIR DO SURF

Projecto português concorre à iniciativa 'Ideias de Origem Portuguesa', da Fundação Gulbenkian.



A Fundação Gulbenkian lançou o projecto 'Ideias de Origem Portuguesa', que consiste em desafiar "todos os portugueses na diáspora que têm ideias, talento e vontade de fazer mais e melhor . É uma convocatória a todos os que, apesar da distância, desejam participar na construção de Portugal, através de uma cidadania ativa, envolvente e participativa. Ideias de Origem Portuguesa é um concurso para encontrar e promover projetos nas áreas do Ambiente e Sustentabilidade, Inclusão Social, Diálogo Cultural e Envelhecimento."




A equipa do projecto + SURF submetido à iniciativa "Ideias de Origem Portuguesa", da Fundação Gulbenkian, é composta por três elementos - António Godinho, Miguel Figueira e Rui Loureiro -, todos locais do Cabedelo. Apesar de serem de diferentes gerações, origens, e até de se relacionarem com o surf de forma distinta - longboard, shortboard e bodyboard - têm a praia do Cabedelo como referente comum. Um referente comum a um colectivo bastante mais vasto que ajudou a dar forma a esta ideia e que está igualmente empenhado no seu sucesso.

 

Trata-se do mesmo colectivo que noutro formato dá corpo a projectos como o SOS Cabedelo, o projecto CIDADESURF ou o Gliding Barnacles Gentlemen's Club, e que desde 2014 conta com o suporte da ADMS, uma associação para o desenvolvimento na esfera do surf que se quer posicionar para além da dimensão da prática desportiva e da competição.

 

A vontade de entrar neste domínio da formação, aprofundando o relacionamento com a Austrália, já vem de trás com outros projectos. Mas foi a disponibilidade do António Godinho (Tózito), o Figueirense que em 2012 recebeu em Sydney a equipa do projecto CIDADESURF, com quem partilhou o "seu" pico em North Narrabeen, que abriu esta possibilidade de concorrer ao desafio da Gulbenkian.

 

"Queremos que os miúdos surfem lá, de preferência que surfem muito, mas também queremos que ganhem competências que possam abrir perspectivas para uma futura carreira ligada ao sector. Que vejam que uma careira ligada ao mar não é feita só de pauladas mas também de investigação, conhecimento, produção, criatividade... que regressem com novas ideias e ajudem através do surf a virar o país para o mar."

Na candidatura à iniciativa 'Ideias de Origem Portuguesa', a equipa explica em pormenor os pressupostos deste projecto. 


Miguel Figueira, um dos responsáveis pelo projecto, explicou à SurfTotal os passos necessários para levar avante esta ideia.


Como é que pretendem concretizar esta ideia?

O Programa  +Surf concretizar-se-á em 3 fases: 

1ª Fase -  Seleção dos candidatos: Sinalizada a partir do contacto com os mesmos no seu ambiente de prática desportiva (praia), em articulação com os seus encarregados de educação e com as escolas, a selecção partirá sempre da verificação do interesse genuíno pelo mar e pela manifesta vontade de desenvolvimento de competências nesta área pouco explorada nos currículos escolares. Será determinante a avaliação do nível  de interesse e empenho, porque não se trata de uma alternativa à formação, mas sim de uma formação alternativa que deve congregar as expectativas de uma formação superior nestes domínios.


2ª Fase –Atribuição de Bolsas para Estágio Educativo: As melhores candidaturas serão seleccionadas por um júri constituído para o efeito, tendo os jovens a oportunidade de participar no programa educativo pelo período de 1 a 2 meses.

Sendo o objectivo prioritário deste programa garantir uma harmoniosa motivação e orientação do percurso educativo superior e profissional dos jovens com o meio onde se encontram inseridos, o timing de desenvolvimento destes estágios educativos será durante as férias escolares do 11º ano de escolaridade, para que as aprendizagens adquiridas tenham um real impacto nas suas escolhas educativas superiores no ano seguinte.


3ª Fase – Desenvolvimento e Acompanhamento: Após a sua participação no estágio educativo os jovens deverão, devidamente acompanhados pela equipa do programa +Surf,  procurar o desenvolvimento das suas competências em áreas do conhecimento que possam complementar uma formação de nível superior, desenvolvendo um projecto na área da indústria do surf ou ainda integrar algum projecto em curso na esfera do surf, tendo por base o conhecimento e experiência adquiridas .

Para um efectivo desenvolvimento e aplicação deste programa necessitamos essencialmente de apoio para a atribuição das bolsas de estágio que subsidiam as propinas, viagens e alojamento dos jovens .

 

Qual o impacto que gostariam de criar com este projecto? 

Através da implementação do Programa +Surf garantiremos impacto positivo em três grupos: 

Aos formandos - O seu desenvolvimento e formação por motivação intrínseca - o interesse pelo mar a partir do surf - garantindo por via da relação umbilical com o processo educativo o sucesso escolar e a sua integração por via de um processo de valorização reconhecido.

Aos Jovens - Os formandos influenciarão positivamente os seus pares através do exemplo pelo desenvolvimento pessoal com base no 'empowerment' que o programa procura fomentar.

À Comunidade - Devolução à comunidade do seu maior activo, o Mar, enquanto agente criador de riqueza, criando uma cadeia de valor acrescentado a partir de uma mudança operada a partir de dentro.

 

Porque é que esta equipa é a perfeita para a implementação desta ideia?

A urgência da participação cívica para a alteração do paradigma da protecção costeira com o mar do lado da solução, aproveitando a energia das ondas para o transporte sedimentar, cessando a guerra que há décadas nos consome preciosos recursos materiais e sobretudo ambientais, impeliu um grupo de surfistas ao aprofundamento fora da esfera do desenvolvimento desportivo, nascendo daí uma reflexão pluridisciplinar sobre o papel do mar e do surf no desenvolvimento local. No passado recente estivemos do outro lado do mundo (Austrália) para aprofundar e dar a conhecer soluções para a transposição artificial da deriva, congratulando-nos pela inclusão dessa tecnologia no debate técnico/científico mas também social e político sobre o tema. Recentemente conseguimos inscrever no Plano Estratégico Nacional do Turismo a onda da Baía de Buarcos como recurso a proteger e explorar património colectivo que eleva o nome da Figueira da Foz, colocando a cidade na primeira fronteira de qualidade para a comunidade do surf e na rota deste emergente sector de mercado. A equipa para esta iniciativa é reunida com base nas mesmas afinidades que permitiram o diálogo com o outro lado do mundo (e que este projecto visa aprofundar) e que contribuíram para aprofundar a reflexão sobre o papel do mar nos territórios costeiros. Esta equipa é perfeita para a implementação do programa porque a comunidade dentro e fora do surf lhe reconhece competências técnicas capazes, tendo como legitimidade o exemplo e a experiência de projectos anteriores, podendo ainda fazer bom uso do contacto próximo através do surf para assegurar o sucesso do programa, que visa o incentivo no investimento do conhecimento como base para um crescimento sustentável que possa gerar oportunidades, não só para os beneficiários directos do programa, mas também para ajudar o País na almejada viragem para o Mar.

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