Robbie Page, um surfista multifacetado, divertido e extremamente talentoso. Robbie Page, um surfista multifacetado, divertido e extremamente talentoso. Foto: DR quarta-feira, 06 dezembro 2017 12:48

Robbie Page, um dos mais inspiradores surfistas de sempre

Relembrando a vida “on tour” de um fantástico surfista… 

 

Robbie Page, nascido em 1966, em Wollongong (NSW, Austrália), não só foi um dos mais inspiradores surfistas de sempre como também um dos mais divertidos e emblemáticos competidores do World Tour. 

 

O surfista australiano começou a surfar aos 9 anos e ao longo dos tempos conseguiu feitos inesquecíveis, como uma vitória no Pipe Masters em 1988, um título mundial da ISA em 2008 e ainda o troféu de Rookie of the Year da Triple Crown, no meio de uma carreira recheada de títulos e vitórias. 

 

Foi ainda o primeiro surfista australiano goofy footer a surfar em Mavericks e mais recentemente conquistou cinco títulos na divisão Master do Campeonato Indígena que tem lugar na Austrália, de 2013 a 2017. 

 

A vida no Tour, após a vitória em Pipe, corria bem, mas o ano de 1992 foi duro para Robbie. O australiano, na altura com 26 anos, gostava de viver a vida e raramente recusava uma boa festa - com tudo a que tinha direito, entenda-se. 

 

Vinho, drogas e noitadas faziam parte da rotina de muitos surfistas na altura. Especialmente australianos. É preciso entender que naquela época não existiam mentores e os surfistas estavam mais sujeitos a todo o tipo de tentações. Era também uma altura em que o clima de festa era aceite socialmente… por vezes mesmo até cair para o lado. Ao ponto de, na manhã seguinte, muitos competidores entrarem para as suas baterias ainda meio zonzos. 

 

 

Ora, depois de uma perna competitiva em Espanha profícua em “fiesta”, Robbie rumou ao Japão para competir no Marui Pro em Chiba. No entanto, ao aterrar em Tóquio, foi retido pelos serviços aduaneiros que encontraram alguns ácidos na sua carteira. Sobras da incursão europeia que o australiano já não se lembrava ter na sua posse, mas cuja brincadeira (ou esquecimento) custou 66 dias de encarceramento numa prisão japonesa. Sendo que os primeiros 30 dias foram passados em regime solitário. 

 

O campeonato decorria a algumas horas de distância, com Robbie fora do elenco e a ser dado como “no show” na grelha competitiva. Na verdade ninguém da ASP se mostrou interessado, prestou auxílio ou providenciou aconselhamento legal. Mais tarde, foi libertado e deportado com a direção da ASP a impor uma suspensão de 18 meses das suas competições devido à posse de substâncias ilícitas. Foi a machadada final. 

 

A sentença foi como uma espécie de morte virtual da sua carreira, mas… quatro meses volvidos, numa reviravolta sem precedente, Robbie viajou para França para se reunir com o seu patrocinador, a Oxbow Clothing, e acabou por se ver envolvido num romance com a neta do presidente francês da altura, François Mitterrand. 

 

 

Para além das 22 temporadas havaianas e da década que passou a correr o circuito profissional,   sempre a alcançar a condição de top 30 mundial; Page passou ainda 12 anos a viver e a surfar as ondas gaulesas. 

 

Esta geração de surfistas que gostavam de se divertir, à grande, que nunca recusavam uma festa e não se importavam de fazer uma direta para a competição do dia seguinte; acabou por ser substituída, aos poucos, por um grupo de novos surfistas norte-americanos. 

 

Claramente mais sérios, profissionais e igualmente talentosos, Kelly Slater, Rob Machado, Ross Williams, Shane Dorian, Kalani Robb, Conan Hayes e Chris Malloy foram pondo um fim ao domínio australiano no tour. 

 

Eles ficaram conhecidos como a geração ‘Momentum’ - saga de vídeos que marcou fortemente a comunidade do surf naquela época. 

 

- Robbie Page, à esquerda, durante o Campeonato Indígena que tem lugar na Austrália. Foto: DR

 

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AF

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