Martin Daly e Kelly Slater, durante uma aventura do The Crossing. Martin Daly e Kelly Slater, durante uma aventura do The Crossing. Foto: DR segunda-feira, 09 abril 2018 11:45

O novo universo de Martin Daly

A nova vida do grande explorador das Mentawai… 

 

Que associam quando escutam ou leem o nome Martin Daly? Nada? Na verdade, Martin Daly foi o responsável do Indies Trader, aquele velho e selvagem barco que serviu para explorar as Ilhas Mentawai, revelando numa fase inicial as maravilhas deste arquipélago por mais de uma década. 

 

A primeira grande aventura do Indies Trader, se os nossos leitores se recordam, foi com a série de vídeos Rip Curl’s The Search, dando lugar a tantas outras. Pela Surftotal, mais recentemente, falámos dele aqui e aqui

 

Martin Daly sabe que, na verdade, foi um dos grandes responsáveis pela divulgação dos spots e crescente popularidade das Mentawai, mas garante que isso terminou em 1995. Mais tarde, entre 1998 e 2005, esteve envolvido no The Crossing, uma iniciativa ao redor do planeta promovida pela Quiksilver. Apesar de sentir que o local o continuava a chamar, pensou que a sua hora tinha chegado. 

 

Hoje em dia, a região está repleta de barcos e boat trips que deambulam de pico em pico, com os capitães pressionados em dar uma experiência de surf diferente aos seus clientes que pagam bem por isso. É lógico que o lugar ainda guarda a sua magia, mas nada como antigamente. 

 

Ao site Beach Grit, Martin Daly, agora com 61 anos, revelou o estado atual: “Está a ficar cada vez mais deprimente. As florestas tropicais estão a ser deitadas abaixo, os recifes de coral estão novamente a morrer. É uma autêntica luta. Eu vi uma proposta para um projeto de multi-biliões de dólares na zona sul de Siberut (a maior ilha das Mentawai) que tinha parque de diversões e escorregas de água. Como Benoa, em Bali, com hormonas de crescimento. E estão a tentar transformar a área em torno de Telescopes e Sipora Norte (as mais pequenas ilhas das Mentawai) em Kuta. Pensamos que as pessoas aprendem a lição. Não, não aprendem”. 

 

 

Escapando à azáfama, à popularidade e ao progresso que tomou conta do Índico, Martin Daly vive agora, ou passa grande parte do seu tempo, num novo paraíso que dá pelo nome de Ilhas Marshall - na Micronésia, perto da linha do Equador, composta de 29 atóis e 5 ilhas, agrupadas em duas secções, uma oriental e outra a ocidente. 

 

“Aqui eu sei como o oceano e os reefs supostamente devem parecer. Eu nasci a mergulhar em recifes de águas límpidas, reefs sem nomes. Quando estava no The Crossing fui a todo o lado, mergulhei em tudo o que era sítio e vi que 95% dos recifes de coral do planeta estavam comprometidos. Atualmente, dois terços já desapareceram ou morreram. Metam a cabeça debaixo de água aqui e verão como as coisas deveriam ser”, explica. 

 

Na ilha de Beran, a 20 horas (de barco) da capital Majuro, ele encontrou uma direita de sonho e um pedaço de terreno onde construiu algo que refere ser “uma luz vibrante de desenvolvimento responsável”. Na prática é uma pequena casa movida a turbinas eólicas e painéis solares que pode acomodar 16 pessoas. Todo o lixo criado é processado e todos os não-biodegradáveis são levados de volta para os fornos de descarga e centro de reciclagem da capital. No espaço ele cultiva melancias, papaias, tomates, couves, captura peixe e ainda mantém alguns porcos.

 

É este o novo paraíso, o novo universo, do capitão Martin Daly… que recentemente foi avaliado em 5 milhões de dólares. Segundo o próprio, o seu novo estilo de vida é simples e bem claro: “morri e fui parar ao céu”. 

 

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