JOSÉ GREGÓRIO: "FOI O MELHOR ANO DE SEMPRE PARA O SURF EM PORTUGAL" Rui Oliveira sexta-feira, 20 dezembro 2013 15:21

JOSÉ GREGÓRIO: "FOI O MELHOR ANO DE SEMPRE PARA O SURF EM PORTUGAL"

O representante da Quiksilver avalia mercado nacional.

 

É mais um ano que está a chegar ao fim. E por isso, em jeito de balanço, a SurfTotal partiu em busca de quem lida com o mercado nacional. Para isso, falámos com algumas das principais marcas de surf e protagonistas da nossa indústria. E é nesse contexto que te mostramos esta nossa conversa com José Gregório, representante nacional da Quiksilver. À SurfTotal falou sobre a importância do surf para o nosso país, sobre o aparecimento de marcas low-cost e ainda sobre Tiago "Saca" Pires e Kelly Slater.

 

Qual o balanço que fazes do ano de 2013 no surf português?
Bastante bom, talvez mesmo o melhor de sempre para o nosso país. A Nazaré, a Ericeira como Reserva Mundial de Surf, o WCT de Peniche, as novas apostas da Câmara de Cascais no surf... A exposição do nosso país este ano com o surf foi maior do que qualquer campanha publicitária feita até hoje, principalmente no que toca às ondas grandes da Nazaré. É um tema que realmente cativa as pessoas e "media" a nível global.

Os grandes campeonatos... o "crescimento" do mercado... Tem-se reflectido nas vendas este novo frenesim dos campeonatos de surf, que tem colorido as nossas praias a nível nacional e internacional?
Acho que estes eventos todos e todo este mediatismo à volta do surf tem sido bastante positivo e muito bom para o mercado. No entanto, acho que isso tem apenas ajudado algumas marcas a manter a cota de mercado, mas duvido muito que as tenha ajudado a crescer. O nosso mercado está bastante complicado e em constante mudança e há muitas marcas "low-cost" a aproveitarem-se da imagem do surf e a tirarem-nos cota de mercado. Talvez tenha chegado a hora das marcas repensarem algumas estratégias e posicionamento de mercado.

 

O que falta, na tua opinião?
Temos de encontar um balanço saudável dentro do mercado onde consigamos manter a nossa identidade e origem e ao mesmo tempo cativar o grande consumidor a apostar nas marcas do surf.

 

Kelly Slater... um eterno candidato? É uma certeza para 2014?
Sempre, acho incrível ele ainda fazer o que faz aos 41 anos de idade, parece que não envelhece. A mim isto surpreende-me bastante.

 

Tiago Pires recebeu o wild card este ano. Qual ou quais as caraterísticas que achas que o fizeram ser escolhido?
O Tiago já fez muito pelo surf português e Europeu, naturalmente que era um fortíssimo candidato ao wild card. Acredito que ele vai voltar bastante motivado e dar ainda mais ao surf para o nosso país e para a Europa. O Saca é um senhor.

 

Sabemos que a estratégia da Quiksilver está em transformação e melhoramento. Queres falar-nos um pouco sobre isso? O design do surfwear, a nova filosofia de marketing?
Acho que não é só a Quiksilver que está a mudar, são todas as marcas do surf e empresas em geral, estamos a viver uma crise talvez só com comparação à crise de 1929. As empresas têm forçosamente de se adaptar rápido para não correrem o risco de desaparecer, como foi o caso da Kodac este ano. A Quiksilver vai apostar num marketing mais vertical e globalizado, que em termos de vendas pode ajudar bastante a curto prazo, vamos apostar muito no nosso ADN, porque somos uma empresa genuína no meio do surf, com excelentes riders, eventos e inventores dos Boardshorts.


O posicionamento das marcas nas lojas de surf está a mudar? O produto do surfwear tem evoluído em que sentido, no caso particular da Quiksilver?
Acho que muitas das lojas é que têm de mudar. O nosso mercado teve um "boom" enorme a partir de finais dos anos 90 até 2007, e muitas das atuais lojas ficaram nas mãos de pequenas famílias que foram envelhecendo e que agora estão com dificuldade em se atualizar, e claro isso está a afetar as vendas. Nós, como marca, tentamos ajudar muito os nossos clientes, mas a partir de certo ponto têm de ser essas pequenas empresas a dar a volta ao texto. Felizmente que, no caso da Quiksilver, e no universo atual de clientes que temos, fizemos muitas ações de trade marketing que acabaram por ajudar bastante a marca e algumas lojas.

 

Podemos dizer que as circunstâncias farão, de alguma forma, as marcas de surf readaptarem-se à nova realidade de mercado (se é que ela existe)?
Vamos ver…os próximos dois anos vão ser interessantes e vão ditar muita coisa no nosso mercado, pois toda a gente está a mudar e com novas ideias, algumas são capazes de resultar... outras nem por isso.

 

Podemos falar de um típico surfista Quiksilver? Qual o teu perfil de atleta favorito?
Não necessariamente. Os atletas são apostas da marca que por vezes resultam e outras nem por isso. A nós já nos aconteceu de tudo, porque procuramos os talentos muito jovens e depois damos formação ao longo da carreira. O perfil de atleta hoje em dia é o que chamo do "all pack", ou seja, tem de ser um surfista que tenha tudo, desde a explosão no surf, à imagem, à raça de querer vencer, à formação pessoal e familiar, humildade... este é o perfil dos campeões do futuro.

 

Qual o papel dos surfistas profissionais em Portugal? 
Tentar fazer melhor que o Saca. E para já não vejo que isso esteja fácil. Talvez haja 2 ou 3 nomes que o podem fazer, mas ainda têm muito trabalho pela frente. O Saca foi quem mais trabalhou até hoje, foi a sua raça que fez a diferença.

 

Um surfista humilde é que pode chegar longe.
Claro.


Queres dizer mais alguma coisa?
Quero desejar a todos os surfistas e agentes ligados ao nosso mundo um bom natal e um excelente ano de 2014. Penso que com trabalho e dedicação podemos todos ter um bom ano.

 

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