Tom Morey, amplamente conhecido como o pai do bodyboard, inventor da então chamada “boogie board” que deu origem à modalidade, faleceu na passada quinta-feira, dia 14, aos 86 anos – no ano que marcou o 50º aniversário da modalidade, que nasceu em 1971, no Havai.

Morey nasceu em Detroit em 1935, mas mudou-se cedo para Laguna, na Califórnia, onde, aos 15 anos, começou a surfar. Começou a produzir pranchas nas décadas de 50 e 60, e em 1965, no Havai, organizou o primeiro campeonato de surf que oferecia um prémio monetário ao vencedor. Foi também nesse ano que fundou a Morey Surfboards.

A invenção da "boogie board"

A sua primeira “boogie board” fez-se às ondas a 7 de Julho de 1971. Morey procurava uma criação “duradoura”, que pudesse ser “feita de forma barata”, “leve” e “segura”, e foi exactamente isso que conseguiu. Inicialmente chamou-lhe SNAKE – acrónimo para “Side, Navel, Arm, Knee, and Elbow”. Mas depois surgiu o nome “boogie board”, inspirado num sub-género musical do blues – é que além da sua ligação ao mar, Tom Morey também tinha uma forte ligação à música.

Por causa da sua acessibilidade, a prancha e a modalidade inventadas por Tom Morey atraíram muitos novos praticantes. No final dos anos setenta, a sua empresa vendia 80 mil pranchas por ano, e nos anos 80 a modalidade explodiu, com os seus adeptos a aventurar-se em ondas cada vez maiores, com manobras cada vez mais complicadas.

Tom Morey vendeu a sua empresa em 1977 à empresa Wham-O, cujo presidente, Tom Richards, afirmou num e-mail à CNN que a invenção de Morey “mudou o panorama da Wham-O, e possibilitou que qualquer pessoa se pudesse divertir a surfar em qualquer parte do mundo” – foi esta ideia de aparente facilidade que fez com que muitos vissem uma enorme distinção entre o surf e o bodyboard. Para Morey, contudo, essa distinção não existia, e as duas modalidades são verdadeiramente irmãs.

Pai do bodyboard?

Com certeza. Mas chamá-lo apenas de Pai do Bodyboard é redutor, tendo em conta todas as suas outras facetas. A sua jornada aquática começou com o longboard, e as suas invenções também. Em 1965, Morey criou uma prancha de papel, que teve direito a um anúncio de televisão. Outras criações suas incluem a “wing tip”, uma prancha com o nose ligeiramente levantado para facilitar a entrada nas ondas, a “Swizzle Board”, e uma prancha que podia ser desmontada para caber numa mala. Morey também leva o crédito por popularizar as pranchas com quilhas amovíveis.

No mundo da música, Morey fez parte de bandas até aos 80 anos, e tocou com lendas do jazz como Dizzy Gillespie e Stu Williamson.

Por fim, e talvez seja este o aspecto mais importante, Tom Morey é lembrado como alguém atencioso, generoso, que influenciou de forma positiva a vida de muitas pessoas. O nove vezes campeão de bodyboard Mike Stewart descreveu Morey à CNN como um criativo sem paralelos, indispensável para o seu crescimento enquanto bodyboarder.

“Qualquer pessoa que ele conhecesse, aceitava-a, e era uma grande influência para essa pessoa”, conta o filho de Tom, Sol Morey. A filha, Melinda Morey, recorda a linguagem comum que tinha com o seu pai, e que é partilhada por uma horda de pessoas no mundo todo: o oceano.