Nikita Avdeev nos Açores Nikita Avdeev nos Açores WSL terça-feira, 08 julho 2025 13:12

ISA vs. WSL : Duas abordagens distintas na gestão de participação em competição dos atletas Russos e Israelitas

A ausência da bandeira de Israel nos perfis de vários atletas israelitas nos eventos da World Surf League (WSL) tem levantado questões, ....

...especialmente após a surfista Anat Lelior, duas vezes olímpica, ter competido recentemente no Ballito Pro sob a designação “World” — sem qualquer bandeira nacional visível.

 

Porque é que alguns surfistas competem sob a bandeira “World”?

Anat Lelior, Ilay Bochan, Ido Hagag e Nikita Avdeev estão entre os surfistas que optam — ou são obrigados — a competir sem bandeira nacional em eventos da WSL

Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais comum ver surfistas a competir em etapas da World Surf League (WSL) sob a designação neutra "World", sem qualquer bandeira nacional associada ao nome. A situação voltou a ganhar destaque durante o Ballito Pro 2025, quando a israelita Anat Lelior, duas vezes atleta olímpica, competiu com o campo da nacionalidade em branco e uma bandeira branca neutra a acompanhar o seu nome.

Mas por que razão surfistas de países como Israel e Rússia estão a competir com esta bandeira “invisível”?

Razões políticas, de segurança e sanções internacionais

No caso dos surfistas israelitas, a escolha ou imposição da bandeira “World” surge, em muitos casos, como resposta a tensões geopolíticas ou preocupações de segurança. Segundo a própria Anat Lelior, a decisão de competir sem a bandeira de Israel durante o Pro Taghazout Bay, em Marrocos, foi tomada por razões de segurança, dado o contexto político e cultural do país anfitrião. A WSL apoiou essa decisão, tendo também retirado a bandeira israelita do site em determinados momentos para evitar potenciais riscos ou polémicas.

Este tipo de precaução tem sido observado em eventos realizados em países como Marrocos ou Espanha, onde a exibição da bandeira israelita pode gerar controvérsia, discriminação ou colocar atletas em risco devido ao conflito no Médio Oriente e à polarização em torno do tema.

Já no caso dos surfistas russos, como Nikita Avdeev, a utilização da bandeira “World” prende-se com sanções internacionais. Desde 2022, a ISA (International Surfing Association) baniu os atletas russos de todas as suas competições após a invasão da Ucrânia. No entanto, a WSL manteve a permissão para esses atletas competirem, embora sem a bandeira da Rússia, como forma de respeitar as diretrizes internacionais e evitar repercussões políticas.

A posição da WSL: a escolha é do atleta

A WSL esclareceu recentemente que "os atletas têm a possibilidade de escolher a designação que desejam que apareça nas camisolas de competição ou nas listas de rankings/seedings, incluindo a designação ‘World’", cabendo a decisão final ao próprio surfista. Esta abordagem oferece flexibilidade, mas também levanta questões sobre visibilidade nacional e reconhecimento institucional, especialmente em competições que, apesar de individuais, influenciam o prestígio e apoio dos países de origem dos atletas.

ISA vs. WSL: dois caminhos diferentes

A distinção entre a ISA e a WSL neste tema é clara. Em competições da ISA — mais focadas em equipas nacionais — os surfistas israelitas continuam a competir sob a bandeira de Israel, como ficou evidente no ISA Junior Championship 2024 e no ISA World Surfing Games. Em contraste, a WSL, por estar centrada em rankings individuais, permite — ou exige — este tipo de neutralidade em determinadas circunstâncias.

Uma prática que pode moldar o futuro do surf competitivo

A utilização da bandeira “World” poderá vir a estabelecer um precedente para atletas de outras nações envolvidas em conflitos ou com governos sujeitos a sanções. Ao mesmo tempo, levanta uma reflexão sobre a visibilidade dos países em modalidades globais como o surf — onde a identidade nacional, ainda que subtil, continua a ser uma força importante para o apoio, financiamento e orgulho coletivo.

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