Em causa está o planeamento no assoreamento da Praia do Ferragudo, situação que para além de terminar com a onda que é muito procurada por Turistas e surfistas locais, vai destruir o riquíssimo património arqueológico subaquático.


A Surftotal falou com Sérgio Magalhães que representa a comunidade de Surf e bodyboard local, que iniciou juntamente com a Junta de Freguesia local assim como Câmara Municipal da Lagoa, um movimento a favor da preservação de Ferragudo e da economia local.

"Caso a deposição de areias se verifique a icónica onda de Ferragudo,  tal como se pode verificar nas imagens, deixará de existir." Diz Sérgio Magalhães e continua, -"A economia local também depende desta onda que funciona entre os meses de Outubro e Março. Para além de ser um chamariz para os Turistas que vêm fora da época alta para propositadamente surfar esta onda de características únicas, há também os surfistas profissionais Portugueses que ali encontram um campo de treinos fabuloso com ondas verticais, fortes e tubulares.

Este movimento que teve inicio há cerca de uma semana atrás procura dissuadir o agência Portuguesa do Ambiente, Entidade Governamental,  a não avançar com uma situação que a População local considera como um crime ambiental.

* A onda de Ferragudo situa-se na Costa Sul Algarvia a Leste do Rio Alvor próximo de Lagos.

Miguel Veterano e João Bracourt num momento intimo antes de um encaixe num tubo perfeito na onda de Ferragudo.

Veterano a navegar por dentro do tubo da icónica onda Portuguesa. / Click por João Faustino

Segundo o Jornal Sul Informação diz, "A população de Ferragudo está com medo de ver o cenário repetir-se, 20 anos depois, mas desta vez afetando mesmo as principais praias junto à vila. As dragagens do projeto de Aprofundamento e Alargamento do Canal Navegação do Porto de Portimão, cuja discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental, que se prolongou apenas por 10 dias, terminando terça-feira passada, 11 de Agosto, prevêem a deposição de areias – e talvez de lodos – tiradas do fundo do rio Arade nas praias do Molhe e do Pintadinho.

No início dos anos 2000, as dragagens no porto de Portimão resultaram na criação de enormes montes de areia depositados na margem ferragudense do rio, criando um muro entre Ferragudo e o estuário, e destruindo a pequena enseada da praia que se chama, ainda hoje, Angrinha. Nessa altura, a então Junta Autónoma dos Portos do Barlavento Algarvio tinha garantido que a situação da deposição das areias seria provisória…mas eternizou-se e algumas zonas das margens, como a Angrinha, nunca mais voltaram a ser como eram.

Para lutar contra as obras agora promovidas pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), e que se destinam a aprofundar e alargar o «atual canal de navegação, tendo em vista a receção de navios de cruzeiro com comprimento até 334 metros», a página de Facebook «Ferragudo» dinamiza um movimento de cidadãos, denominado «Não à destruição! Sim à preservação! Ferragudo desde 1520».

Também a Junta de Freguesia de Ferragudo, liderada por Luís Veríssimo, tomou já posição contra as obras.

Para o movimento, a questão é simples: «não queremos cascalho e lodo nas praias do Molhe e de Ferragudo», para mais porque, se o porto é «para Portimão», o lodo deve ser depositado «nas praias de Portimão», ali do outro lado do rio.

Analisando o Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental, que está disponível clicando aqui, pode ler-se que, nas dragagens necessárias para alargar o canal e a bacia de rotação dos navios de cruzeiros, se prevê «a remoção total de cerca de 4 630 000 metros cúbicos de materiais arenosos e outros materiais detríticos». E onde serão depositados estes materiais? "

Fica atento a mais desenvolvimentos em surftotal.com

A comunidade de Surf e Bodyboard Local de Ferragudo.