Face ao comunicado emitido pela ASCC no passado dia 16 de Março, em que a Associação declarou que não aceitaria a participação de atletas federados por clubes de futebol nas suas provas de circuito intersócios, a Surftotal contactou o Estoril Praia e o Sporting CP para saber como os clubes se posicionam quanto a esta questão. O Estoril Praia já se manifestou, e agora é o Sporting CP que tem a palavra.

Começa por lembrar a história do clube que, aquando da sua fundação em 1906, contava com mais quatro modalidades para além do futebol – ténis, atletismo, ginástica e luta de tração à corda. Evoca a “vontade dos fundadores: ‘futebol sim, mas ecletismo também’, ou seja, um clube de vocação atlética e multidisciplinar.”

O clube recorda a polémica gerada em 2019, quando o Sporting CP e o Estoril Praia entraram na FPS. “Será que [o Sporting] vinha apenas para procurar protagonismo, num momento em que o surf se tornava desporto olímpico? Será que o seu aparecimento iria ser tão breve quanto o seu desaparecimento, principalmente por a cultura do surf nada ter que ver com a do futebol? Eis algumas questões levantadas.” Na altura, a Surftotal realizou várias entrevistas, inclusive com Teresa Marques, cujas palavras são agora recuperadas: “é como clube desportivo que faz sentido falarmos e é assim que faz sentido estarmos presentes também no surf”.

“Falar em ‘clube de futebol’ é não saber o que é o Sporting CP”

É isto que argumenta o clube, lembrando que cada modalidade tem “características próprias, linguagem própria, seguidores distintos”, mas que “o espírito é desportivo e ‘só há uma coisa comum a todos [os métodos de treino]: treinar todos os dias’ (Prof. Mário Moniz Pereira).” O Sporting afirma distinguir-se dos restantes clubes pela “aposta na Formação em todas as suas Modalidades”.

Resgatando um ponto levantado pela ASCC que tem a ver com a formação de atletas, o Sporting CP defende que a sua aposta no surf “assenta essencialmente na formação de novos praticantes de Surf” e pretende “contribuir significativamente para o aumento do número e da qualidade dos praticantes desta modalidade. Acreditamos que a Escola de Surf do SCP brevemente terá resultados desportivos importantes a nível nacional e internacional”.

Por fim, quanto à decisão tomada pela ASCC, o clube acredita que as consequências serão negativas para “o desporto português (e concretamente para os atletas)”. Considera esta uma “discriminação absolutamente lamentável”, que “promove valores de antipatia e ódio, esses, sim, que nada deveriam ter que ver com a cultura do surf”. O Sporting CP compromete-se a “continuar a trabalhar” no projeto que têm para o surf, confiante de que será “um player importantíssimo, no panorama do surf português.”