EUA possui destinos com excelentes infraestruturas • Tyler Wilkinson-Ray EUA possui destinos com excelentes infraestruturas • Tyler Wilkinson-Ray quinta-feira, 07 agosto 2025 00:34

Polémica nos EUA: Federação de Ski quer ter o controlo do Surf Olímpico

Atletas, treinadores e entidades do surf norte-americano unem-se contra proposta da US Ski que ameaça a autonomia e o futuro do surf nos Jogos Olímpicos...

 

Nos bastidores do desporto olímpico dos Estados Unidos está a desenrolar-se um conflito que pode ter impacto direto no futuro do surf competitivo: a US Ski & Snowboard (USSS) apresentou uma proposta controversa para se tornar a nova Federação Nacional (NGB) responsável pelo surf olímpico norte-americano. Esta manobra, vista por muitos como um oportunismo financeiro, colocaria o destino de atletas como Caroline Marks ou Carissa Moore ou outros, nas mãos de uma entidade sem qualquer ligação real à cultura ou às necessidades específicas do surf.

Segundo diversos representantes do meio, incluindo atletas, treinadores, a USA Surfing, a ISA (International Surfing Association) e a World Skate, esta proposta "não acrescenta nada ao desenvolvimento do surf" e apenas visa apropriar-se dos atletas olímpicos de topo, ignorando por completo os restantes programas de formação, técnicos e jovens talentos.


Uma jogada sem precedentes… e sem estratégia

A proposta da US Ski é particularmente preocupante por não apresentar qualquer plano estruturado para apoiar a comunidade do surf. Nem programas de base, nem treinadores especializados, nem estratégias de desenvolvimento. O foco parece ser apenas um: recolher os frutos mediáticos e comerciais do sucesso olímpico de atletas como Marks e Moore, que já deram duas medalhas de ouro ao país desde que o surf foi incluído nos Jogos Olímpicos.

Curiosamente, a US Ski afirma ter apoio dos atletas... mas não conseguiu apresentar um único surfista que apoie publicamente a proposta. Pelo contrário, figuras como Caroline Marks e Carissa Moore publicaram uma declaração conjunta apoiando a USA Surfing:

“É de máxima importância que os surfistas sejam representados por uma organização que conheça a fundo o nosso desporto. A ligação entre os talentos em formação e os profissionais que já competem ao mais alto nível é essencial e deve ser preservada.”


Surf não é ski. E o passado comprova isso.

A US Ski é uma das federações mais bem financiadas do desporto olímpico norte-americano… mas nem sequer apoia adequadamente os seus próprios programas de formação, como a USASA. Jovens atletas de snowboard ou freestyle ski que não estejam na equipa principal enfrentam custos anuais de 30.000 a 100.000 dólares.

A tentativa de absorver também o skate olímpico foi igualmente criticada. Tanto a ISA como a World Skate, reconhecidas pelo Comité Olímpico Internacional como as federações internacionais oficiais das respetivas modalidades, rejeitam firmemente esta tentativa de controlo externo.

“Esta proposta é um disparate. A US Ski não compreende o surf, a cultura, nem tem estrutura para apoiar a modalidade. Se forem autorizados a liderar, será uma traição à história e ao futuro do surf.” — afirmou Robert Fasulo, diretor executivo da ISA.


USA Surfing tem um plano sólido para o futuro

A USA Surfing, apesar das dificuldades financeiras que levaram a uma desclassificação voluntária após os Jogos de Tóquio, apresentou agora um plano robusto para retomar o seu papel como NGB, com foco total na modalidade. Este inclui:

  • Circuito nacional espelhando os formatos QS, Challenger e CT

  • Treinos técnicos e mentais com Shane Dorian e Brett Simpson

  • Formação com recurso a inteligência artificial, wave pools, treino aéreo e análise de vídeo

  • Clínicas de performance para atletas e pais

  • Campeonatos em Trestles, local possível para os Jogos Olímpicos de 2028


Conclusão: o surf precisa de ser gerido por surfistas

Esta tentativa da US Ski não é apenas uma questão administrativa — é uma ameaça à identidade, ao desenvolvimento e ao espírito do surf olímpico. Entregar o futuro da modalidade a uma entidade alheia à cultura do surf seria um erro histórico. Como alertam várias vozes, qualquer tentativa de “colaboração” pode revelar-se um Cavalo de Tróia, prejudicando o progresso conquistado até aqui.

A comunidade do surf nos EUA está unida. Agora, os olhos estão postos no Comité Olímpico dos Estados Unidos para garantir que o surf continue a ser liderado por quem realmente o vive.

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