Plataforma SOS Monte Verde pede reavaliação profunda da Frente de Mar da Ribeira Grande
Os valores ambientais não devem ser secundarizados por razões de natureza burocrática ou financeira.
A Plataforma SOS Monte Verde veio a público apelar a uma reavaliação ampla e integrada do projeto da Frente de Mar da Ribeira Grande, alertando para os riscos ambientais que a obra, tal como está atualmente concebida, poderá representar para a Praia do Monte Verde, um dos espaços naturais mais emblemáticos do concelho e da ilha.
A tomada de posição surge na sequência das declarações proferidas pelo Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, na última reunião da Assembleia Municipal, onde afirmou a intenção de “salvaguardar a natureza tal como ela está”, mas admitiu avançar com a obra caso essa salvaguarda não seja possível, considerando prioritária a concretização da frente marítima.
Perante este cenário, as entidades que integram a Plataforma SOS Monte Verde — associações ambientais regionais e cidadãos — defendem que os valores ambientais não devem ser secundarizados por razões de natureza burocrática ou financeira, sublinhando a elevada sensibilidade ecológica da área em causa.
Impactos persistentes na Praia do Monte Verde
A Plataforma reconhece que o atual executivo camarário promoveu alterações significativas ao projeto inicial, reduzindo a volumetria e a área de implantação da intervenção, numa tentativa de melhor adequação às exigências ambientais e à preservação da praia e da qualidade das suas ondas.
No entanto, segundo a SOS Monte Verde, a última versão do projeto, apresentada numa reunião realizada no passado dia 9 com representantes da Plataforma e dos gabinetes de arquitetura e engenharia, continua a prever a introdução de aterros e enrocamentos sobre o areal, em particular na zona do Largo da Vila Nova. Estas soluções mantêm riscos relevantes, nomeadamente ao nível dos processos de desassoreamento, com potenciais consequências negativas para a estabilidade da praia e para a dinâmica costeira.
Necessidade de uma visão integrada e moderna
Outro dos pontos destacados prende-se com o facto de esta intervenção estar ligada a uma futura segunda fase da via litoral, entre o Bairro da Vila Nova e o Bandejo. Para a Plataforma, este encadeamento de obras exige uma reavaliação global das opções assumidas, incluindo o traçado, as soluções construtivas e o próprio plano de urbanização.
A SOS Monte Verde defende que soluções de engenharia antiquadas, baseadas num plano funcional com mais de 20 anos e mantidas por razões meramente processuais, devem ser abandonadas em favor de abordagens modernas, integradas e sustentáveis, capazes de conciliar requalificação urbana com preservação ambiental.
Um património que não deve ser hipotecado
No comunicado, a Plataforma reconhece o esforço de diálogo demonstrado pelo atual executivo municipal, mas reforça o apelo para que, na decisão final, prevaleça o interesse superior da preservação ambiental da Praia do Monte Verde, considerada um verdadeiro ex-libris do concelho e da ilha, com forte valor social, cultural, ambiental e também desportivo.
Segundo a SOS Monte Verde, este património natural não deve ser hipotecado a pressões financeiras ou políticas, sob pena de se comprometer irreversivelmente um espaço com enorme potencial para o desenvolvimento sustentável da Região.





