Kelly Slater, a vibrar como um "grom". Kelly Slater, a vibrar como um "grom". Foto: WSL quinta-feira, 08 setembro 2016 13:41

ANÁLISE: BILLABONG TAHITI PRO 2016

Pedro Barbosa, juiz internacional, faz a análise exaustiva da sétima etapa do World Tour…

 

O Billabong Pro Tahiti foi uma das provas mais aguardadas do ano, apesar das previsões inicialmente não serem fantásticas. As rondas iniciais foram do mais monótono que tivemos nos últimos tempos. Para se ter sucesso no Dream Tour, talento e treino não são suficientes, é importante existir competitividade. 

 

A falta de competitividade de alguns atletas torna o Tour menos excitante. Citando um dos melhores de sempre, Martin “Pottz” Potter: “If you want to be a professional surfer you need to have the all package if you don’t have it work on having it.” 

 

Surfistas como Dusty Payne, Adam Melling, Alejo Muniz, que têm talento de sobra, neste evento foram uma autêntica decepção. Adam Melling, por exemplo, acabou com apenas uma onda de 5.67 pontos em heats de 35 minutos, depois de ter deixado passar uma onda linda a poucos minutos do fim. Incompreensível… mas eles é que são  profissionais!

 

No round 2, com condições de surf bastante fracas, quero destacar um sufista que me chamou a atenção pela qualidade de algumas manobras isoladas de backside - Matt Banting. Apesar de não ter resultados expressivos, pode bem ser um nome a seguir nos próximos anos.

 

Estamos numa fase do circuito em que existe Gabriel Medina, John John Florence e Julian Wilson e os suspeitos do costume que dominaram o surf nos últimos 10 anos - Kelly Slater, Joel Parkinson e Mick Fanning (apesar deste não ter estado presente nesta última prova). Graças a Deus que os “cotas” ainda estão presentes ou o tour seria bem menos interessante.

 

De destacar também a excelente prestação do melhor wildcard de sempre no Taiti e sempre que temos esquerdas tubulares - Bruno Santos. Um verdadeiro "osso duro de roer" paras as principais estrelas da Championship Tour.  O brasileiro demonstrou que, nestas condições, está claramente entre os melhores do mundo.

 

MELHOR PERFORMANCE

Sebastian Inlet Boy. Voltou mais uma vez a mostrar a genialidade do melhor surfista de todos os tempos. Com quatro notas 10 e scores sempre altíssimos, inclusivamente um 20, o rei voltou para mostrar que ainda pode ganhar aos 44 anos, apesar de, como o próprio afirma, serem cada vez menos e menos vezes. Foi emocionante a satisfação que teve ao ganhar esta prova e também o “Andy Irons Award”. A felicidade proporcionada por esta vitória fez com que Kelly Slater deixasse cair umas lágrimas, até na intensidade e significado que o surf tem para ele demonstra o porquê de ser o melhor de sempre. Em seguida temos algumas obras-primas deste evento, com um resumo dos 10’s do evento.

 

 

O SURFISTA COM O FACTOR X

Medina. O verdadeiro “Red Bull “do tour. Quando entra na água os níveis energéticos sobem consideravelmente. Táctica, técnica e competitividade ao mais alto nível. 

 

O SURFISTA EM ASCENSÃO

John John ao subir ao número 1 do ranking demonstra claramente que o melhor free surfer do mundo tem ambições e talento que sobra para ser o próximo campeão mundial. Apesar de considerar que é, de facto, o surfista mais surpreendente do momento, falta-lhe a elegância, encadeamento de manobras e o “flow” que anteriores campeões do mundo têm (como, por exemplo, Slater, Tom Curren ou até mesmo Mick Fanning).

 

AS ONDAS E AS DECISÕES DOS 'CALLS'

Tivemos uma prova com, pelo menos, melhores condições que no ano anterior. No último dia as ondas estiveram excelentes. No entanto, ainda longe daquilo que esperamos de Teahupoo. Alturas houve nas rondas iniciais onde se verificaram poucas possibilidades para os atletas e a componente táctica neste evento foi fortíssima. Para evitar a luta desenfreada pela posição interior, creio que a WSL deveria adoptar a regra de “moeda ao ar”.

 

O JULGAMENTO E OS CASOS DA PROVA 

O heat do John John com Medina foi o melhor e mais polémico do evento. Com trocas sucessivas de liderança, JJ acabou por sair vencedor da segunda meia-final com uma margem mínima. Estará o resultado correcto? O 9.73 pontos do JJ na última onda parece-me demasiado próximo do 9.93 dele e do 10 do Medina, onda mais pequena e menos intensa, porém, o grau de dificuldade da execução do havaiano é fenomenal. Dou, contudo, o benefício da dúvida uma vez que não estamos no local onde a percepção é bem diferente. Façam a vossa avaliação.

 

 

De uma forma geral, no que diz respeito ao julgamento, a prova correu bem. Antevejo um final do ano emocionante e a minha aposta para Trestles, cuja competição no masculino pode iniciar precisamente hoje, é no menino-prodígio do Brasil.

Itens relacionados

Perfil em destaque

Scroll To Top