LIGA MOCHE CHEGA ÀS ILHAS EM BREVE. ESTE ANO JÁ ESTÁ NO ALGARVE Ricardo Bravo/Liga Moche terça-feira, 18 março 2014 14:53

LIGA MOCHE CHEGA ÀS ILHAS EM BREVE. ESTE ANO JÁ ESTÁ NO ALGARVE

É tempo de saber o que nos espera em 2014. O presidente da ANS responde. 

 

Por Patrícia Tadeia

A poucos dias do arranque da Liga Moche, na Costa de Caparica, já esta sexta-feira, a SurfTotal falou com o presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS). Francisco Rodrigues fez-nos um balanço dos últimos anos e principalmente do ano de 2013, muito importante para o surf nacional. Mas como está quase a começar o circuito nacional, é também tempo de perceber o que aí vem. Num ano em que a Liga Moche regressa ao Algarve, ficou ainda a promessa de, a médio prazo, chegar também às ilhas.  

 

Qual o balanço que fazes da Liga Moche e do trabalho da ANS até ao presente?
A ANS – Associação Nacional de Surfistas é um projecto que celebra este ano 17 anos de existência num modelo criado em 1997 e que, passados estes anos todos, se veio a revelar absolutamente certo. A Federação Portuguesa de Surf tem diversas modalidades e, só no seio do Surf, acumula outras competências importantes, como as seleções nacionais, escalões amadores e as escolas de Surf, para além das profissões técnicas necessárias transversalmente à modalidade. A grande vantagem deste modelo de relação ANS/FPS, é que a ANS pode concentrar todos os esforços no desenvolvimento de uma plataforma (Liga Moche) de formação e preparação de novos atletas, que serve de rodagem das carreiras internacionais dos principais nomes do Surf em Portugal e possibilita o confronto entre gerações, sempre com vista a identificar novos e melhores talentos e assim promover um alargamento da base de competidores portugueses de valor internacional. Este é o nosso grande objectivo. A Liga Moche é um esforço em rede de sponsors privados, Câmara Municipais e Turismos Regionais, meios media core e não core e ainda dos nossos fornecedores. Todos trabalham em conjunto para que os surfistas encontrem uma Liga Moche com um investimento directo interessante (prize money de 57.500€ anuais) e um investimento indirecto (através da crescente mediatização) que faz engrandecer em larga escala a folha de retorno que os surfistas oferecem aos seus patrocinadores individuais.

 

O que correu muito bem e o que é que podia ter corrido melhor?
O lado que corre melhor na Liga Moche é a existência de um reconhecimento geral da qualidade da plataforma em si. Já não falo na componente mais comercial mas antes na vontade que sinto nos surfistas em competir na Liga Moche. Os irmãos Guichard, o Marlon, o Gony e outros mais são surfistas que vivem em Portugal e não tinham qualquer interesse pelas competições nacionais. Ora, com a aproximação da ANS aos surfistas mas também com os melhoramentos transversais que foram implementados pelo facto da ANS passar a ter 100% de poder de decisão sobre a Liga Moche, captámos o interesse de todos. Assim o Frederico Morais e demais surfistas de carreiras internacionais não perderam interesse em competir na Liga Moche. Isto é também um incentivo muito importante para os mais novos. O resultado final é que a competitividade dentro de água é enorme pelo que todos acabam por estar mais preparados para as competições fora de portas. Também as meninas beneficiam indirectamente porque, complementando a sua própria competição, ficam expostas a toda esta força do Surf em Portugal ao longo do ano. Contudo, nas tarefas recorrentes da ANS, há ainda alguns pontos fundamentais que carecem de melhorias urgentes. Estamos agora a começar a concentrar esforços no Projunior, competição também profissional e sub-20, com paralelismo evidente pela mesma categoria na ASP. De uma forma mais transversal, desde 2013 que passámos a disponibilizar um pacote de benefícios e serviços aos nossos associados, procurando captar o interesse dos surfistas em geral, muito para além do surfista de competição, algo que ainda também necessita de ser trabalhado de forma mais rigorosa.

 

2013 foi um ano muito importante para o surf português. Isso reflete-se nos apoios que a ANS tem tido? 
O ano de 2013 foi importante para o Surf em Portugal e isso não se deve só à ANS. O ponto alto foi, talvez, o Moche Series Cascais Trophy, o maior evento combinado de Surf na Europa. Além disso, voltar a ter programas em antena mainstream na RTP1, com mais de 600 minutos dedicados aos surfistas Portugueses, ao Sábado de manhã, é algo também muito importante. Há diversas pessoas e entidades responsáveis por este trabalho. Ao nível de apoios, a realidade é que a base de trabalho do Surf alargou-se bastante e a ANS é apenas mais um player, apesar de ser o detentor dos direitos das competições de configuração profissional e regulares em calendário. Isto é importante porque nos dá uma estabilidade que outros campeonatos não têm. A disputa pelos títulos de campeão nacional, que acontece na ANS e na Liga Moche, está hoje no mercado e estará também daqui a 5, 10 e muitos mais anos. As marcas que trabalharam de perto connosco estão satisfeitas e querem continuar a trabalhar com a ANS, mas há outras que são confrontadas com muitos projectos onde a temática é comum (Surf) mas o propósito poderá ser eventualmente diferente do objecto da ANS e os patrocinadores nem sempre têm isso nas suas prioridades. Juntando a isto o facto do contexto económico não ter melhorado, a realidade é que, mesmo com uma força comercial muito determinada, a preparação da época desportiva de 2014 tem sido muito desafiante. Estamos muito agradecidos ao Moche, Meo, Allianz, Sumol, Malibu, Red Bull, Ramirez, Fonte Viva, Ericeira Surf&Skate, Municípios de Almada, Mafra, Porto, Aljezur e Cascais, ao Turismo do Algarve e estamos ainda à procura de mais apoios. Todos eles celebraram connosco o compromisso de continuar a produzir gerações de campeões de Surf em Portugal.

 

Que surfistas destacas no ano competitivo de 2013?
Enquanto Presidente da ANS, tenho de destacar os campeões nacionais Frederico Morais, Carina Duarte, Francisco Alves e Ana Sarmento. Eles foram os melhores em 2013. Espero sinceramente que eles sejam os embaixadores de Portugal pelo mundo fora mas também que sejam fortes na representação da modalidade dentro de portas e assim contribuírem para captar a atenção da sociedade para a modalidade. Não querendo concentrar-me só neles, gostaria de deixar uma palavra de agradecimento para todos os surfistas em geral mas também para os seus treinadores, agentes e demais actores e/ou entidades que vivem e fazem viver o Surf em Portugal.

 

Como avalias a cobertura mediática do surf em Portugal?
Falando no nosso caso, que é a Liga Moche e a promoção dos surfistas nacionais, para responder com rigor, tenho que distinguir a cobertura pelos meios especializados, essa é muito boa, e a cobertura pelos meios generalistas ou mesmo desportivos, e essa está ainda aquém daquilo que gostaríamos. As nossas competições são tratadas em todas as plataformas (TV, Rádio, Online, Print), com destaque para os Moche Surf e Flash Reports da RTP1 mas existe ainda uma grande margem de progressão. A realidade é que as notícias de Surf e dos nossos surfistas ainda saem muito poucas vezes das notas de rodapé e não encontram um espaço sólido nas notícias de actualidade. Só quando isso acontecer de forma regular é que veremos a modalidade a crescer ainda mais, principalmente nos apoios directos aos Surfistas. Tenho a plena noção de que estamos (todos e não apenas a ANS) a construir as bases para que isso aconteça no médio prazo.

 

Que surfista/surfistas achas que vai ser o grande destaque de 2014?
A época desportiva já começou. Enquanto Presidente da ANS não tenho preferidos. Quero antes que todos atinjam os seus objectivos e deem um passo firme na construção das suas carreiras. Vou apenas particular num surfista. Espero e desejo que o Tiago Pires apareça forte na sua campanha do WCT. Aos demais, que surjam mais nomes no Top 100 da ASP, quem sabe algum deles se qualifique para o WCT, que os títulos Projunior Europeu M/F sejam “nossos” e ainda que hajam títulos e/ou medalhas individuais e/ou colectivas nas competições da selecção nacional.

 

Expetativas para 2014?
São sempre boas e positivas. Há um aspecto importante na Liga Moche de 2014 e que nos deixa muito entusiasmados, que é o facto de este ano podermos dizer verdadeiramente que vamos correr o país de norte a sul, pois incluímos uma etapa no Algarve, em Aljezur. Fica a promessa de fazermos um esforço para voltarmos às ilhas no médio prazo. Aos atletas, o tradicional “boa sorte e boas ondas”, aos eventos nacionais e internacionais, que as ondas e demais condições colaborem para que sejam um sucesso.

 

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