Foto: Vasco Lázaro / Wavesolutionswaterhousings Foto: Vasco Lázaro / Wavesolutionswaterhousings sexta-feira, 11 dezembro 2020 12:00

“O POTENCIAL SURFADO DA CAVE ATÉ HOJE FOI DE 30%”

Afirma o expert da onda, António Silva...

António Silva, o primeiro Português a ser finalista dos Billabong XXL Global Big Wave Awards em 2011, é um dos mais respeitados big riders lusos.

Desde miúdo sempre mostrou muito à vontade no mar quando as condições estavam grandes, o que o levou a perseguir grandes swells tanto em Portugal como lá fora, mas é na Cave que mais facilmente encontramos o surfista local da Praia Grande que tem sido um embaixador da mítica onda da Ericeira.

Este ano, foram vários os surfistas com quem partilhou esta onda que o apaixona.

O seu conhecimento proporcionou sessões épicas a surfistas como João Guedes, que surfou ali uma onda de sonho no mês passado.

Nesta entrevista exclusiva à Surftotal, António Silva falou sobre a sua paixão pela Cave, as ondas que não irá esquecer e a importância de criar uma irmandade no surf.

 

 

Foto: Vasco Lázaro / Wavesolutionswaterhousings

 

 

Quando estás dentro de água em sessões de big surf vejo-te como um maestro a coordenar a sua orquestra. És um dos surfistas que conhece melhor os picos pesados do nosso país. Derivado a esse conhecimento e mestria tens proporcionado grandes momentos a surfistas de renome nacional e internacional, como por exemplo a sessão recente do João Guedes na Cave onde ele surfou uma bomba que provavelmente nunca irá esquecer. É assim que te vez?

São muitos anos dedicados a um certo tipo de ondas, especialmente a Cave. Foram tantos anos a surfá-la sozinho, só porque sim, e poder partilhá-la com amigos meus é ainda melhor.

A onda do Guedes foi brutal, foi aquela onda que eu sei que entra aquela hora da maré, por já ter tantas horas alí. Eu já sabia que íamos ser brindados com aquela ondaça que ele fez. Essa irmandade tem que haver no surf e neste tipo de ondas.

 

 

 

Para a maior parte dos surfistas quando pensam na Cave o teu nome vem-lhes logo à cabeça devido à tua admiração e, se é que podemos dizer, quase obsessão pela onda. Como se enraizou em ti esta paixão pela Cave?

A cave é uma onda especial, só quem lá surfou sabe o que está ali. Eventualmente quem sabe de surf sabe ver a técnica e o que exige de ti. Para mim é sem dúvida a melhor onda de Portugal, a melhor onda da Europa, a mais perigosa também. É sem dúvida a mais perigosa de todas, falo eu porque foram vários os ossos que já lá deixei, felizmente nada que me incapacitasse, umas lesões graves mas que recuperei com muito trabalho. É uma onda muito exigente, animal, com muitas emoções. Eu tenho a certeza que o potencial surfado da cave até hoje foi 30%. Ainda falta muito até fazermos a coisa como deve de ser, por isso é que um gajo continua aí, que acorda às horas que acorda e investe nessas missões. Essa é que é a alegria do surf, o querer evoluir e criar uma irmandade, uma estrutura de malta capacitada e com vontade de fazer e com boa energia, que foi o que eu senti agora nesta última sessão, apesar de ter estado pequenino, com o Nic, o Blanco e o Guedes. É esse o team, mas com condições extremas como apanhei por exemplo com o Macedo, com o Mikey Brennan, mas o caminho é esse, é puxarmos uns pelos outros e fazer acontecer.

 

 

As várias lesões que António Silva sofreu na Cave mostram a força da onda portuguesa  Foto: Pedro Seixas

 

 

Este mês de Novembro estiveste bastante activo a fazer sessões de surf na Cave. Houve uma sessão em particular, com o João Macedo, em que fizeste grandes tubos. Podes-nos contar como foi essa surfada?

A sessão com o Macedo foi um dia animal. Nós acordámos cedo e entrámos no mar ainda de noite para apanhar aquela maré mágica. O mar estava lindo, épico. Uns tubões quadradões como se quer, não muito grande, já grande o suficiente para ser bom mas também não pequeno. Estava o tamanho perfeito. Curtimos altas ondas, foi top. O Vasco Lázaro tirou grandes fotos, o Bruno Dias também, foi um grande dia. Depois à tarde voltámos ao mar. O mar tinha subido um pouco e já vinham aquelas ondas medonhas. Acabei por apanhar uma que me aniquilou, um tubão, foi daqueles que fica guardado, mas correu tudo bem. Fechámos a sessão com uma onda cada um e foi um dia brutal. Acabámos o dia num café na Ericeira a beber cervejas e é isso que levamos desta vida, esses momentos entre malta do mar.  

 

Há umas semanas atrás levaste o famoso big Rider brasileiro Lucas Chumbo a surfar umas bombas na tua praia local - a Praia Grande. Conta-nos como é que surgiu esta sessão, que tamanho estava o mar e como foi puxar o Lucas nas ondas onde tu aprendestes a surfar?

Nós tínhamos combinado uma sessão, que ainda está prometida na Cave com o Lucas, que é alguém que eu gostaria mesmo de ver a surfar lá. Ele é um animal a surfar seja que onda for e gostaria de ver a reação dele e como seria, mas o mar não esteve de feição nesse dia e não aconteceu. 

Foi brutal ver o Lucas a surfar na Praia Grande ondas de três metros como se fosse dez centímetros de onda. De facto ele é incrível, é o melhor big rider da atualidade, está num nível acima do resto da malta e foi bom vê-lo no nosso recreio a partir a loiça, a puxar o meu amigo Vasco Lázaro numa bomba, foi animal essa parte. O mar estava porreiro, já umas ondas grandes e foi bom ver o melhor big rider da actualidade ali a destruir na Praia Grande. 

 

 

 

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