Dantas substituiu Raoni nas Fiji Dantas substituiu Raoni nas Fiji ASP / Steve Robertson quinta-feira, 09 outubro 2014 15:49

WIGGOLLY DANTAS. “ANTIGAMENTE TODO O SURFISTA ERA ROTULADO DE MACONHEIRO OU VAGABUNDO”

O brasileiro de 24 anos apurou-se hoje diretamente para a quinta ronda do Cascais Billabong Pro 

 

Em quinto lugar no ranking mundial de qualificação, Wiggolly Dantas, de 24 anos, está às portas do circuito mundial de surf (WCT). O brasileiro natural de Ubatuba, São Paulo, não brinca em serviço. Já venceu um evento prime este ano, em Saquarema, e quer repetir o feito no Cascais Billabong Pro, a decorrer na praia do Guincho. Sorte a dele que namora com uma portuguesa e por isso, conhece bem estas águas.

 

O heat correu-te bem, acabaste por dar a volta e passar diretamente para a quinta ronda…

A bateria foi boa, mas o mar estava um pouco difícil, consegui achar uma onda de 9.33, que me ajudou bastante e passar para a quinta ronda, o que já aumenta uns pontos que  neste momento são muito importantes na minha carreira. O treino do ano passado foi bom para este ano [risos]. Estou muito focado, treinei bastante para este campeonato. As ondas daqui são muito boas e sempre que cá venho gosto de surfar aqui.

Em 5º lugar no ranking, estás a um passo de te qualificares para o circuito mundial de surf

É verdade. Sonho com isso desde pequeno, a sonhada vaga para o WCT (World Championship Tour) e agora estou muito perto de conseguir essa vaga. Penso que este ano foquei-me e treinei muito mais, e quando você treina bem e usa as pranchas certas, o resultado sempre vem.

E quais são as tuas expectativas?

Entrando para o tour acho que vou concentrar-me muito mais. Tem ondas que adoro, como Teahupoo, Pipeline, Fiji, Gold Coast, França. Consigo surfar bem nessas ondas pesadas, então acho que dá para fazer bons resultados e bater de frente com os melhores atletas do WCT.

Quando é que esta história do surf começou?

Comecei a surfar quando tinha três anos. Os meus avós têm um quiosque em frente à praia onde moro, que é em Itamambuco e tem uma das melhores ondas do Brasil. Foi ali que tudo começou. O meu pai não era surfista, mas todos os meus irmãos são. A minha irmã é bi-campeã brasileira, um dos meus irmãos gosta de surfar ondas grandes e tenho um mais novo, com 15 anos, mas está quebrando tudo. Acho que é o desporto da minha família, todo o mundo faz e acho que foi isso que me ajudou. Foi muito bom ver os meus irmãos a alcançarem algo no surf… foi o meu irmão quem me ensinou a fazer aéreos e várias manobras.

E quando é que decidiste que querias ser surfista profissional?

Com oito anos. Estava em casa e tinha acabado de competir numas provas no Brasil e até já tinha vencido alguns eventos. Tudo aconteceu durante a minha primeira viagem, que era para ser para o Havai. Só que como eu era muito pequeno, acharam que em vez de ir para o Havai era melhor ir para outro lugar e acabei por viajar para o Peru. Foi nessa altura que disse à minha mãe. Estávamos todos sentados à mesa, eu , os meus pais e os meus irmãos.

E eles, como reagiram?

Eles sempre me deram muito apoio e isso foi muito bom. Antigamente, todo o surfista era rotulado de maconheiro ou vagabundo. Se você passava com uma prancha, andando na rua, as pessoas diziam lá vai aquele vagabundo que não quer trabalhar. Então, o facto de os meus pais me apoiarem foi muito bom. Ajudou-me a seguir em frente. Ia para escolinha de surf, surfava e quando acabava a aula ia para casa a correr buscar a prancha para voltar para a água. Era muito bom.

Ao contrário do que se diz dos brasileiros [estereótipo quebrado já por muitos] e das ondas grandes, tu gostas de mar com tamanho, não é?

[risos] Gosto muito de onda grande. Já pensei correr o circuito de ondas grandes. Fico muito tempo no Havai, surfo Waimea, Jaws, aliás, aqui em Portugal surfei também na Nazaré na remada. É disso que gosto…onda grande, onda de tubo. Definitivamente quando parar de competir vou dedicar-me ao tow in.

Por Beatriz Silva

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