FRANCISCO CRUZ: “RECEBER UM WILDCARD É UMA BELA DISTINÇÃO E TAMBÉM UMA HONRA PODER COMPETIR EM CASA"

Experiente surfista da região Oeste fala sobre o surf em geral e a sua participação no QS1000 de Santa Cruz… 

 

Depois da Galiza, a perna europeia avança agora para Portugal e para a região Oeste. A praia de Santa Cruz, em Torres Vedras, prepara-se para receber a Qualifying Series da World Surf League na próxima semana. Trata-se do Santa Cruz Pro, evento de categoria QS1000, que se irá disputar entre 20 e 24 de julho. A Surftotal não perdeu tempo e falou com um dos wildcards do evento, Francisco Cruz

 

Receber um wildcard para uma prova deste nível é uma grande distinção. Que objetivo levas em mente para este campeonato que é tradicionalmente muito competitivo?

Sim receber um wildcard é uma bela distinção... e também uma honra poder competir em casa. Aproveito para a agradecer à WSL e a toda a organização o convite. O meu objetivo vai passar por divertir-me o máximo possível, apresentar o meu melhor surf e passar o maior número de heats, de forma a representar bem o Oeste e em especial Santa Cruz.  

 

Este não é o primeiro evento da Qualifying Series em que participas. Recordas quando foi o último e como correu?

Sim, não é o primeiro 'QS que faço, pois durante alguns anos fiz algumas provas na Europa. A última prova em que participei foi um 5 estrelas em Ribeira d’Ilhas, em 2010, onde consegui passar o primeiro heat perdendo no segundo sem conseguir apanhar qualquer onda. O mar estava muito pequeno e vinham poucas ondas.

 

- A meter o surf no pé nas águas quentes do Índico. Foto: Gonçalo Ruivo

 

O primeiro ‘QS de sempre a acontecer em Santa Cruz/Torres Vedras foi na praia de Sta. Rita. Que recordas desse evento?

Lembro-me bem dessa prova, estava inserida nos Beach Games de 2003 e, se não estou enganado, foi um 3 estrelas em que também fui wildcard. Fiz um 17º lugar final perdendo nos oitavos de final em terceiro.

 

"O meu objetivo passa por divertir-me o máximo possível, apresentar o meu melhor surf

e passar o maior número de heats, de forma a representar bem o Oeste e em especial Santa Cruz"

 

Como vês o esforço camarário em levar por diante uma prova deste gabarito? 

Acho que é um esforço que faz todo o sentido, pois sem dúvida que Santa Cruz merece uma prova desta envergadura, ainda mais inserida no Ocean Spirit que, na minha opinião, não faz sentido sem ter uma prova de surf no seu calendário.

 

Parece-te esta uma aposta para manter?

Sem duvida. Se assim não fosse não fazia sentido o esforço feito este ano. Espero que seja numa perspetiva de crescimento de forma a que para o ano seja um QS3000 e, quem sabe, se daqui por uns anos não temos o top 32 da WSL em Santa Cruz.

 

- A bater muito forte de backside por casa. Foto: Chad Wells

 

Tu que és definitivamente um dos regulares na água, podes dizer-nos como está o surf por Santa Cruz?

Para ser sincero o surf em Santa Cruz está um pouco estagnado. Não ao nível do número de surfistas, mas na idade dos mesmos. Tardam em aparecer miúdos novos a fazer surf e podemos contar pelos dedos das mãos os surfistas abaixo dos 20 anos. Não é por falta de meios, pois as ondas estão cá e as escolas também, temos lojas de surf e até a fábrica da SPO Surfboards é de cá! É verdade que estivémos muito anos sem um clube de surf, mas agora temos a Associação Sealand que está cheia de força. Pode ser que esta desperte a atenção dos mais novos e consiga transmitir uma maior segurança e organização aos pais.  Provas como esta também ajudam muito a mudar este fenómeno.

 

"Espero que [a aposta] seja numa perspetiva de crescimento de forma a que para o ano seja um QS3000"

 

O Tiago Santos, que também recebeu um wildcard, é um dos jovens surfistas locais de destaque. Que tens a dizer sobre o seu percurso e que dicas deixarias para um bom desempenho da sua parte na prova?

O Tiago tem vindo a trabalhar muito o seu surf e evoluído muito nestes últimos anos. Precisa melhorar alguns aspetos, que ele sabe quais são, pois já falámos várias vezes sobre isso. Dicas para o Tiago se dar bem? Hummmm... Vou deixar para o seu incansável pai que faça sol ou chuva está sempre a filmar e a dar indicações, tanto ao Tiago como ao seu irmão Francisco [N.R.: Atual Campeão Nacional Universitário]

 

Por último. Este ano ainda não participaste na Liga Moche. A que se deve essa ausência?

A minha ausência da Liga Moche já é de alguns anos. Para ser sincero, estava cansado de competir e decidi fazer uma pausa de um ano que se tem vindo a prolongar até aos dias de hoje. Em todo o caso, o bichinho continua cá, continuo a seguir os eventos e a ver online sempre que posso. Bem perto do fecho das inscrições vejo sempre as previsões, pois, se estas forem boas, sei que ainda posso inscrever-me. Infelizmente, a Liga Moche não tem tido as ondas que a qualidade dos surfistas merece, assim como de toda a organização a quem, aliás, aproveito para dar os parabéns por porem de pé o melhor campeonato nacional da Europa e quem sabe até do Mundo. Este ano ainda falta uma etapa, portanto, quem sabe se não apareço.

 

- A meter para dentro numa das praias de Santa Cruz. Foto: Chad Wells

 

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Entrevista: AF

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