O Malhão da Surftotal #2 quarta-feira, 22 junho 2022 07:37

O Malhão da Surftotal #2

Ainda com o entusiasmo de saber que corro o risco de ter alguém que vá ler o que escrevi,

 

 

A música e o surf andam sempre de mãos dadas, e é comum que os surfistas tenham a sua banda sonora pessoal para acompanhar as surfadas e as viagens. Quem sabe bem disso é Rodolfo Neves "Rato", músico e apaixonado pelo surf e pelo oceano. "O Malhão da Surftotal" é uma série de crónicas que vêm apresentar algumas canções e grupos musicais para acompanhar as tuas surfadas. Esta é a segunda edição: 

 

 

Ainda com o entusiasmo de saber que corro o risco de ter alguém que vá ler o que escrevi, precipitei-me há uns dias para adiantar trabalho e até quem sabe deixar já numa gaveta a segunda edição destas crónicas, mas cedo percebi que não ia funcionar. É como quem premedita a chegada de uma onda perfeita que nunca chega, é preciso entrar no mar ou mergulhar os ouvidos para se encontrar a perfeita onda, neste caso musical. Acordei em sobressalto com o vento leste a abanar as persianas de casa, sortudo, levei-me até à praia em breves minutos para ver o mar e estava tal e qual a minha inspiração, totalmente flat, porém o dia estava mágico e eu precisava de cor para fazer render este belo dia de sol. Foi o Michael Kiwanuka com a sua canção intitulada de Love & Hate, que me fez descer o histerismo despertado pela ventania de leste, as energias concentraram-se e finalmente dei o pontapé de saída para a segunda crónica, esta que partilho convosco.

 

 

É incrível como a música tem a capacidade de alterar o nosso estado de espírito, grato e farto das lamentações alheias voltei a dedicar os meus ouvidos ao meu artista preferido, o ímpar Ben Harper, a seriedade com que escreve como quem assume o inevitável peso da arma que também pode ser a música, escolhi desta feita com acordes bem alegres e com aquela vibe que promove os sorrisos e o calor do amor, vão ouvir a canção,  In the Colors.

 

 

 

A tarefa mais árdua vem sempre depois de expormos um pouco do que gostamos, ficamos vulneráveis e isso pode condicionar ou até quem sabe balizar as ondas que queremos surfar nestas crónicas, todavia aqui mora a rebeldia, não há limites nem fios que nos prendam, podemos saltar de estilos musicais distintos e épocas distantes, é essa liberdade que também procuro promover, a música é a arte da liberdade, tal como o surf… São as fusões que chegam e que nos invadem, consequências de viagens ou partilhas com amigos que a vida juntou, que trouxeram à luz dos meus dias os Ocean Alley (Knees), só mais uma entre tantas músicas infectadas de influências intemporais, ouçam que vão curtir, podem crer.

 

 

 

É muito difícil ser simples, esse sonho impossível que tanto teima em escapar-se por entre os dedos, tal como o fado e a essência musical lusitana, densa, espessa, tão cheia de história e com uma intensidade que quase precisa de um cerrar de olhos acompanhado por um bom copo de vinho maduro tinto de qualidade singular do Douro, sim para alguns é de compreensão imediata, para outros seria necessário um protocolo como sugerido acima, para entenderem melhor esta nossa arte particular, obrigado António Zambujo, por este Fado Da Vida Bela.

A música é vida!

 

 

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