O Shoe City Pro (QS1,000), etapa 35 da Qualifying Series que terminou este fim de semana em Huntington Beach, Califórnia, não é definitivamente o tipo de campeonato que mereça uma grande cobertura e/ou que faça grande sentido para a audiência portuguesa. No entanto, guarda uma história interessante. 

Depois de termos visto Willian Cardoso qualificar-se para o World Tour aos 32 anos, após passar doze anos a competir no sempre duro, exigente e árduo circuito mundial de qualificação, eis que o Shoe City Pro revela uma nova história de alguém que sempre lutou e nunca deixou de perseguir os seus sonhos.

Falamos de Nathan Yeomans que venceu o evento e arrecadou 1000 pontos para o ranking do WQS - após vencer o havaiano Elijah Fox na final, com 10.20 sobre 9.10 pontos. Na verdade, Yeomans, já pertenceu à elite do World Tour e da WSL, em 2010, e neste que foi o seu segundo evento da presente temporada ele alcançou a vitória, a primeira conseguida na última década. 

- Nate em ação durante o fim de semana. Foto: WSL/Nilton Baptista

O veterano, de 36 anos, ama o surf, mas acontece que em primeiro lugar está a sua família. E quando a sua filha mais nova nasceu prematura e teve complicações com um vírus nos meses que se seguiram, as prioridades mudaram. As complicações com a sua mulher durante o parto também fizeram com que os primeiros meses acabassem por ser muito difíceis com o surfista de San Clemente a ter quase de deixar o surf para se dedicar à família. No entanto, o sonho esteve sempre lá, se bem que em segundo plano. 

A experiência foi uma espécie de lição para o californiano que passou a “não dar nada como garantido”. 

Agora Yeomans, o verdadeiro "homem de família", está de regresso e quer mais. Quer até competir no US Open of Surfing e alcançar o título do QS correspondente à região da América do Norte. Mantém ainda o objetivo de entrar no top 100 mundial (encontra-se presentemente em #205) e, quem sabe, se tudo correr bem, vir até Portugal para competir no EDP Billabong Pro Ericeira (QS10,000 - 24 a 30 de setembro). 

Mais um bom exemplo do quão fantástico o surf pode ser e da resiliência dos surfistas. Uma vez mais o que sobressai é que realmente importa fazer o que se gosta. Acima de tudo, desistir dos sonhos não é uma opção válida. 

Parabéns, Nate!