MICK FANNING. DÉJÀ VU EM SUPERTUBOS

O australiano sagrou-se hoje campeão do Moche Rip Curl Pro Portugal pela segunda vez

 

Não foi a primeira vez que Mick Eugene Fanning subiu ao pódio do Moche Rip Curl Pro Portugal. 2009 foi o seu ano, bem como o ano em que tudo começou em Peniche, com o Rip Curl Pro Search. Na altura, já ia lançado, tendo -se sagrado, pela segunda vez, campeão mundial (o primeiro foi em 2007).

 

Quando chegou a Portugal no ano passado, a pressão estava-lhe nas costas. A luta era entre ele e Kelly Slater, mas tanto um como outro levaram a discussão do título para o Havai, onde o australiano ficou com o troféu. Nesta edição encontramo-lo mais descontraído. Sim, está na corrida pelo título (tal como em 2009), mas desta vez não por sua causa, mas por culpa dos líderes do ranking. “Acho que o foco aqui não era tanto em mim, mas no Gabriel, pois estava tudo a depender do resultado dele aqui e só depois na minha possível vitória”, disse o vencedor.

 

O caminho começou a ser traçado nos quartos-de-final. John John Florence, outra aposta de quem estava na praia, eliminava Adam Melling ao estilo havaiano, Jordy Smith tratava de Adriano de Souza, que por sua vez também não estava em grande forma, devido a uma lesão, Kai Otton tentava repetir o feito do ano passado, afastando Josh Kerr e Mick Fanning acabava com o que restava da esperança brasileira, leia-se Filipe Toledo.

 

O encontro entre Kai Otton e Mick foi inevitável. No ano passado os dois já se tinham encontrado nos quartos-de-final, tendo o primeiro eliminado o segundo quando ninguém acreditava que o faria. Missão cumprida. Mas a vingança é um prato que se serve frio e este ano, nas meias-finais, Mick não perdoou. “Sim, estava focado no Kai, porque no ano passado já tínhamos feito uma bateria juntos, mas o resultado foi diferente. Até estávamos lá dentro a conversar e tudo, a questionarmo-nos porque é que não vinham ondas… mas estava focado em mim e só queria chegar ao fim”, confessou-nos.

 

 Jordy Smith, por seu turno, apelou a Neptuno. Contra John John Florence, as ondas que surgiram vinham na sua direção, deixando Florence sem hipótese de resposta. Resultado? 16.64 pontos no total, contra 7.27. A final estava decidida.

 

Durante nove anos o sul-africano Shaun Tomson foi o único não-australiano a conquistar o título de campeão mundial - ganhou-o em 1977 -, até Tom Curren (EUA) se juntar a ele, em 1985. Em 1999, foi descrito pela "Surfer" como o surfista com mais influência de todos os tempos e em 2004, a "Surfing Magazine" escrevia que era o melhor de todos os tempos. Desde então, contam-se pelos dedos de uma mão quantos sul-africanos se juntaram à elite mundial do surf sem conseguir repetir a dose. Jordy está na lista, mas vai ter de esperar.

 

O público adoro-o. Não fosse ele fã do Benfica. "Gosto de jogar futebol e adoro o Benfica, e o Cardozo era um dos meus favoritos”, contou-nos. Ao que parece, hoje até alguns jogadores do clube encarnado largaram a bola e vieram assistir ao surf para apoiá-lo. Boa atitude, mas em vão.

 

À semelhança de John John, no final do dia também Jordy ficou sem capacidade de resposta e Fanning, que está mais descontraído do que nunca, tirou vantagem da situação. O australiano arrancou na primeira, entrou e saiu do tubo. A plateia fez-se ouvir e saiu um 9 da tabela dos juízes. O sul-africano respondeu, mas não foi suficiente, ficando apenas com 7.67. Faltava-lhe mais uma onda, mas ela nunca chegou. Mick Fanning era pela segunda vez campeão do Moche Rip Curl Pro Portugal. “O que mudou desde 2009? acho que estou mais feio e mais velho [risos]. Não sei…muita coisa. Acho que cresci. Todos os dias tento aproveitar o máximo que consigo”, revelou o campeão.

 

Vamos às contas 

Com este resultado, Mick Fanning arranca para o Havai com 53, 100 pontos, passando assim para segundo lugar do ranking mundial, atrás de Gabriel Medina, que ficou com 56,550. Kelly desceu para a terceira posição, ficando com 50,050 pontos. Agora o jogo virou e Fanning é adversário direto do menino- prodígio, mas nada é garantido. Se Medina ficar em 13º/25º, Kelly precisa de vencer e Mick Fanning precisa de um terceiro lugar para ganhar. Se Gabriel ficar em 9º, Kelly está fora da corrida e Fanning precisa de um 2º. Se Medina ficar em 3º ou 5º, Mick precisa vencer a prova em Pipeline. Se Gabriel chegar ao segundo lugar, o título é seu e vai haver samba, independentemente de o australiano vencer a prova.

Mas por agora Mick só quer descansar. “Para já vou desfrutar esta final e descansar… ainda falta seis semanas. Vou passar em casa, e aproveitar o tempo com a família”, concluiu.  

Por Beatriz Silva

 

 

  • Créditos fotos: Rui Oliveira e Fabio Dias/Surftotal

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