"Existem locais da Praia do Guincho, verdadeiros locais, pessoas que respeitam" Enrique Lanzano

Após a situação lamentável de violência no Guincho durante o passado dia 22 de Abril a Surftotal esteve à conversa com diversas figuras que frequentam aquela praia de Cascais.

 

 

 

Enrique Kike Lanzano, treinador profissional, e fundador da Academia Profissional de Surf, que treina inclusive a surfista local do Guincho, Teresa Bonvalot, foi uma delas.

 

Kike, esta entrevista vem na sequência do lamentavel episódio de violência durante o passado dia 22 de Abril na Praia do Guincho.  Sabemos que frequentas muito a Praia do Guincho pois é também lá que treinas a campeã nacional de Surf, Teresa Bonvalot.  Já te tinhas apercebido do ambiente de desrespeito dentro de água em alguma das vezes que estavas a treinar a Teresa?

- Boa tarde. De facto é lamentável este tipo de episódios, seja pelos motivos que for. Não, não me tinha apercebido de nenhum “ambiente” de desrespeito, apenas durante um dos treinos do Grupo da Competição na semana passada no Guincho. A Teresa estava a fazer um bom treino, sempre apanhar ondas e com excelente ritmo, a surfar bem e desfrutar a sua “magicboard”  durante a primeira parte do treino, durante a segunda parte chamou-me a atenção o facto da Teresa não estar apanhar ondas e de repente vejo ela numa paddle batle com um outro surfista que não era do nosso grupo, o que achei estranho, pois a Teresa não se mete com ninguém. Mas eu cá de fora não me apercebi do que realmente se estava a passar, na realidade eram uns miúdos cheios de testosterona a fazer surf e que decidiram reinar no pico como se tudo fosse deles mas nem a Teresa nem eu demos muita importância,  há dias assim em que o crowd vai para o mar com os seus problemas e chatices, infelizmente.

Consideras que há localismo no Guincho? E em Portugal de um modo geral? é uma situação recorrente ou um caso isolado?

- Considero que existem locais da Praia do Guincho, verdadeiros locais, pessoas que respeitam e que sabem estar dentro do mar a fazer surf, tal como em todo o território nacional e não só. Sem dúvida que este episódio foi um caso isolado, de maneira alguma isto é recorrente na Praia do Guincho.

Como treinador de Surf, quais as regras que consideras básicas para que haja o minimo de organização num point de surf, para que todos desfrutem das ondas com o máximo de segurança?

- A regra é simples: saber estar e respeitar. O respeito é abrangente, respeitar as dificuldades dos outros, da “vez” daquele que ficou à espera enquanto eu fui na onda, o posicionamento no pico não é para todos, respeitar os que optam por ficar mais no inside, também querem apanhar a sua onda, todos alguma vez ficamos aí entre o pico e o inside à espera…todos ao longo da nossa formação como surfistas tivemos que saber esperar, isso não pode ser esquecido porque já “sabemos” surfar e muito menos achar que somos donos de uma onda ou de uma praia, isso é surreal!

O que na tua opinião é necessário ser feito para que não haja este tipo de equivocos que podem terminar mal dentro de água?

- O surf é uma modalidade feita no mar e os riscos são muitos mais elevados do que as pessoas pensam, ficar inconsciente no mar não é brincadeira, pode acabar mesmo mal. É difícil controlar as outras pessoas, se todos controlassem aquilo que podem controlar e o fizessem de forma responsável, não haveria este tipo de incidentes, mas repito, não é fácil. Eu não sei o que vai na cabeça das pessoas. Eu digo aos meus atletas sempre que vão para o pico para respeitar e saber esperar pela sua vez.

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