Philip Banini e Massalley Comney Philip Banini e Massalley Comney CNN / Jason Boswell sexta-feira, 20 maio 2022 13:39

Uma nova comunidade de surfistas está a nascer na Libéria

 Desde 2003, a comunidade surfista de Robertsport não parou de crescer.

 

 

Apesar de ser um desporto menos desenvolvido no continente africano do que em outras partes do mundo, a história do surf na África é antiga, e o primeiro registo, em Gana, chega a preceder o registo mais antigo do Havai, universalmente reconhecido como a casa do surf. 

Hoje, essa História alastra-se para a Libéria, a mais antiga república da África. Foi um país atravessado por uma guerra civil, e é assim que ainda vive no imaginário do Ocidente, mas em 2003, com o final da guerra, algo aconteceu na cidade de Robersport que começou a mudar o seu rumo. Alguns surfistas americanos foram à cidade surfar, e passaram o seu conhecimento a Alfred Lomax, que se tornou no primeiro surfista liberiano. Lomax, por sua vez, ensinou o desporto a vários locais, e assim se começou a formar uma comunidade. 

Um dos aprendizes de Lomax foi Philip Banini, que hoje exibe na sua pousada uma placa com as palavras "when nothing goes right, surf a left", em referência às esquerdas que se podem surfar em Robertsport. A cidade é agora um dos três destinos de surf do país, ao lado da capital Monrovia e Harper. 

 

 

O surf passa de geração em geração

 

O canadiano Kent Bubbs, que se mudou para a Libéria há 15 anos, explicou à CNN que o crescimento da comunidade surfista na cidade é visível. "De ano para ano, há cada vez mais surfistas", disse. "Os miúdos que começaram a surfar originalmente agora estão a ter filhos, e os filhos estão a surfar. Está-se a tornar geracional. Às vezes vemos vários membros da mesma família a surfar juntos". 

A Libéria conta com um campeonato nacional, organizada pelo Robertsport's Surf Club em colaboração com a ONG Universal Outreach Foundation, fundada por Kent Bubbs e Landis Wyatt, também do Canadá. "O surf transformou-se numa actividade onde os jovens podem divertir-se na companhia dos amigos, competir, expressar-se e ultrapassar os desafios ao lado de pessoas com os mesmos interesses", explica Bubbs. 

 

 

Irene George, a Borboleta que desafia padrões na Libéria

 

Irene George ganhou a alcunha de Borboleta porque surfa como se estivesse a voar sobre as ondas, mas esse não é o único aspecto que chama a atenção. Irene é além disso a única surfista mulher de Robertsport, e a actual campeã nacional na categoria feminina. A surfista fez uma pausa do desporto para apostar nos estudos, e agora está de volta ao mar e pretende continuar a voar. 

Irene quer inspirar outras mulheres a surfar, mas sabe que o caminho é longo. A comunidade surfista está a crescer mas o surf ainda é novidade, e muitas pessoas não sabem nadar, explica ela. O seu plano é abrir uma escola de surf e natação chamada Liberian Future Surf School. 

 

 

 

Irene George. CNN / Jason Boswell

 

 

Robertsport aposta no turismo de surf

 

O surto de ebola em 2014 e mais recentemente a covid-19 representaram grandes entraves para a economia na Libéria, mas Philip Banini prevê um futuro mais brilhante, com o turismo de surf a contribuir em muito para o crescimento económico de Robertsport. Actualmente, a economia da cidade centra-se na pesca, mas a crescente vinda de turistas oferece outras possibilidades, e traduz-se na partilha de técnicas de surf, material e dinheiro, que faz com que a economia se mova e a comunidade continue a crescer. O Robertsport's Surf Club terá em breve um espaço próprio onde pretende providenciar aulas de surf e alojamento.

"Quero que se saiba na Libéria que há um desporto chamado Surf, e que muitos liberianos já o praticam", afirma Banini. 

 

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