EASKEY BRITTON INSPIRA MULHERES IRANIANAS A FAZER SURF

Ex-campeã irlandesa mostra que o surf não tem barreiras e é um caminho para a liberdade.

 

Se há locais que não associamos à prática do surf, o Irão é um deles.  Isto apesar de ter cerca de 1530 milhas de costa entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã.

 

Mas há quem não pense de forma tão formatada. Easkey Britton, por exemplo. A surfista irlandesa, de 28 anos - que já conta no currículo com quatro títulos de campeã nacional - tem passado várias semanas nos últimos três anos a surfar naquela remota região, e ao fazê-lo tem ajudado a quebrar algumas barreiras culturais, ao mesmo tempo que introduziu o desporto às mulheres iranianas.

 

As suas façanhas são o tema central de um filme que estreou ontem no London Surf Film Festival, ‘Into the Sea’, onde se pode observar a inspiradora jornada da irlandesa no sudoeste iraniano, mesmo ao lado da fronteira com o Paquistão.

 

“Apercebi-me que nada sabia sobre o Irão, e o que sabia eram ideias pré-concebidas que os media nos passam, maioritariamente negativas”, afirmou. E foi isso que a fez viajar para aquele destino em 2011, com o realizador francês Marion Poizeau.

 

“Não sabíamos o que esperar, e não consegui resistir ao apelo da aventura: explorar e encontrar ondas sem ninguém”, continuou, em entrevista ao Daily Mail. Assim, viajou para Chabahar, a cidade mais a sul do país, a apenas 70 milhas do Paquistão na zona mais pobre e perigosa do Irão, e o único local da costa iraniana que apresenta condições ideias para o surf.

 

Esta viagem resultou em filmagens que tiveram muito impacto na internet, de tal forma que surpreendeu a surfista e o realizador.  “Notámos muito espanto. Ao mostrarmos o país como nós o vimos, de uma forma não estereotipada, com imagens de mulheres a surfar - criámos uma onda de choque. Isso levou-nos a querer explorar mais algumas questões, como o papel que o género tem no Irão, e dar oportunidade às mulheres de experimentar um novo desporto, em particular o surf, que é um sinónimo de liberdade”, afirmou Easkey. Estas foram as imagens dessa primeira incursão naquela parte do mundo.


 

E foi assim que no ano passado a britânica decidiu regressar à região, desta feita não como turista, mas como professora de surf e um exemplo a seguir para as mulheres. “A ideia de voltar não foi apenas nossa, partiu também de algumas pioneiras do desporto no Irão (como a snwboarder Mona Seraji), entusiasmadas com a hipótese de aprender surf no seu próprio país. Sentimos que a história do surf estava ali a ser escrita por mulheres”.  O resultado desta viagem foi o filme ‘Into the Sea’.

 

Lá podemos ver Easkey a ensinar os princípios básicos do desporto a mulheres e crianças locais, com as iranianas a surfar, sempre a respeitar as regras do vestuário local, com ‘hijabs’ e os tornozelos cobertos. Estas aulas têm despertado a curiosidade dos homens, que cada vez mais se mostram interessados em também aprender e são os primeiros a pedir a Easkey para ensinar as suas mulheres e filhas.

 

Mas a aventura não se esgotou nas aulas. Britton e Poizeau organizaram a Waves of Freedom, uma organização sem fins lucrativos que usa o surf como forma de transmitir poder e confiança aos membros mais marginalizados e frágeis da sociedade, em particular mulheres e crianças.

 

Para Britton Easkey tudo se resume a ver “as barreiras a serem dissolvidas na água”, tudo através do surf. 

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