Águias sobrevoam Praia de Matosinhos para combater foco de poluição provocado por gaivotas
Municipio detecta também 900 ligações ilegais às ribeiras urbanas do concelho.
A Praia de Matosinhos está no centro de um conjunto de medidas inovadoras para travar o avanço da poluição e proteger a qualidade balnear da região. Para quem se surpreendeu com a presença de uma águia a sobrevoar a zona nos últimos dias, a explicação é simples: trata-se de uma estratégia da autarquia para afastar gaivotas, cuja presença excessiva tem provocado problemas sérios de contaminação da areia e da água.
As fezes das aves são uma das causas da deterioração da qualidade balnear, e a sua concentração em grandes bandos levanta preocupações de saúde pública — sobretudo numa praia urbana com elevada afluência de banhistas e praticantes de desportos como o surf. A utilização de aves de rapina treinadas, como esta águia, surge como alternativa eficaz e ecológica, já que métodos mais agressivos não são permitidos por lei.
"As águias-de-Harris já utilizadas em Gaia como um meio natural e não letal para controlar a população de gaivotas em ambientes urbanos e costeiros. A estratégia baseia-se no “efeito dissuasor da presença das águias”, já que estas aves de rapina são predadoras naturais e, só pelo seu voo e presença, levam as gaivotas a afastarem-se da área patrulhadas."
Aguia em Gaia - LUSA
Municipio de Matosinhos consciente de um problema maior:
Mas o problema vai muito além das gaivotas. De acordo com uma recente investigação promovida pela Câmara Municipal de Matosinhos, foram detetadas 900 ligações ilegais às ribeiras urbanas do concelho. Estas ligações clandestinas estão a contaminar as linhas de água que desaguam diretamente no mar, contribuindo para episódios de poluição nas praias locais — como aconteceu recentemente em Matosinhos e Vila do Conde, com descargas indevidas associadas à unidade da Lactogal.
Para combater esta realidade, a autarquia lançou o programa “Ribeiras + Limpas”, que envolve análises sistemáticas da qualidade da água em sete ribeiras do concelho e ações no terreno com equipas multidisciplinares. A meta é clara: identificar, notificar e obrigar à correção de todas as ligações indevidas de águas residuais às linhas pluviais.
A Câmara garante que o combate à poluição da frente costeira é uma prioridade e prevê que as primeiras correções já estejam concluídas até ao final do verão. Paralelamente, está a ser feita uma aposta no envolvimento da comunidade local e das empresas da região, incentivando a responsabilidade ambiental e a ligação equilibrada com o meio costeiro.
Estas iniciativas ganham ainda mais relevância numa cidade como Matosinhos, onde o mar é parte integrante da identidade e do quotidiano da população — seja para lazer, turismo, ou prática regular de surf. Com a poluição sob vigilância apertada e medidas inovadoras em curso, a esperança é que as ondas de Matosinhos voltem a ser sinónimo de qualidade, segurança e sustentabilidade.