Uma nova medição técnica e científica realizada nos últimos dias aponta para que a onda surfada por Rodrigo Koxa, no passado dia 19 de dezembro de 2025, na Praia do Norte, Nazaré, possa ter atingido 29,15 metros de altura, valor que, a confirmar-se oficialmente, ultrapassaria o atual recorde mundial da maior onda alguma vez surfada.

A medição foi conduzida por Paulo Vinícius, surfista e designer gráfico brasileiro, que já havia sido responsável pela medição do primeiro recorde mundial de Rodrigo Koxa, em 2017. Desde então, Paulo Vinícius tem vindo a aprofundar metodologias de análise e critérios técnicos para a medição de ondas gigantes, acompanhando de perto a evolução das imagens, dos ângulos e da leitura da trajetória do surfista na onda.

Uma medição cuidada, com critérios técnicos e margem de erro

Segundo a informação partilhada com a SurfTotal, Paulo Vinícius dedicou dois dias de trabalho à análise desta nova onda, recorrendo a uma nova fotografia, captada pelo fotógrafo Matias Hammer, que revelou uma perspetiva mais completa da parede da onda e da descida efetuada por Koxa até à base.

A medição teve como referência a canela de Rodrigo Koxa (53 cm), cruzada com a escala visual da onda, resultando num cálculo final de 29,15 metros, com uma margem de erro estimada em 5%, apresentada de forma transparente no estudo gráfico agora divulgado.

Este novo cálculo surge após uma primeira análise anterior e reforça a ideia de que novas imagens podem alterar significativamente a leitura do tamanho real das ondas, algo comum em Nazaré, onde as ondas são descritas pelos próprios surfistas como “mutantes” e únicas no mundo.

Koxa explica o critério: a importância da base da onda

Rodrigo Koxa sublinha que, para si, o critério fundamental na medição de uma onda gigante deve ter em conta a trajetória real do surfista até à base da onda, e não apenas a massa de água ou o ponto mais alto do lip.

“Há uma diferença enorme entre atravessar a onda mais por trás ou descer até à base. Quando vais à base, estás a surfar toda a energia da onda. Esta onda foi tão dentro surfada que, se eu não tivesse colocado para dentro do tubo, podia ter morrido. Foi uma das ondas mais comprometidas que já surfei na Nazaré”, explicou Koxa.

O surfista brasileiro reconhece a grandeza da onda recorde oficial de Sebastian Steudtner (26,21 metros, em 2020), mas defende que critérios técnicos diferentes podem levar a leituras distintas, sobretudo quando se analisa onde o surfista efetivamente desceu e enfrentou a energia total da onda.

Para já, esta medição não representa um recorde oficial, que depende sempre de validação por entidades como o Guinness World Records. Ainda assim, os dados agora divulgados colocam esta onda como uma das maiores — senão a maior — alguma vez surfadas, reforçando mais uma vez o estatuto da Nazaré como o palco máximo do surf de ondas gigantes.

A SurfTotal continuará a acompanhar este processo, bem como eventuais desenvolvimentos, novas medições e declarações dos intervenientes.