"FPS diminuiu a representação dos clubes nas Assembleias Gerais e nas decisões sobre a modalidade"

 Quem o diz é Vasco Ramalheira da Associação de Surf de Aveiro

 

 

Fomos saber como estão os Clubes de Surf em Portugal. Estes desempenham um papel importante por estarem no terreno, conhecerem bem a área, atletas, free surfers, hábitos, costumes e necessidades. Na verdade do ponto de vista externo com o boom das escolas de surf, os clubes “apagaram-se” um pouco.

Quais serão os motivos?  Pouca competição a nível colectivo?
Pouca representação local?
Falta Dirigentes?"
Fomos tentar saber junto de alguns dos principais Clubes de Surf a nível nacional.

 

 

Responde Vasco Ramalheira da Associação de Surf de Aveiro  :

 

 

 

 

"Pelo que temos constatado, os cubes vão sobrevivendo cada um por si,

 

visto que as prioridades da FPS não passam por apoiar

 

aquilo que entendemos ser a base do desporto - os clubes..."

 

 

 

 

 

 

 

 

Surftotal: Nos últimos anos tem-se verificado menor actividade e visibilidade dos Clubes, concordas? Que razões existirão, pouca competição a nível colectivo?

No caso da Associação de Surf de Aveiro (ASA), que é por quem esta direção pode responder, desde 1988 (data da nossa fundação) que temos feito tudo o que está ao nosso alcance pelos desportos de ondas nas praias da nossa região, mantendo o padrão de clube de formação.
A nível competitivo temos também realizado eventos que vão desde o início à competição até eventos de caráter nacional e internacional, promovendo assim a modalidade e as nossa praias.

 

Surftotal: Como tem sido a vida dos Clubes nos últimos tempos?

A ASA tem sempre cumprido o propósito para que foi criada, tendo as várias direções que por ela vão passando, respeitado sempre os nossos estatutos.
A nível Nacional sentimos que, por opção de gestão, a Federação Portuguesa de Surf (FPS), ao diminuir a representação dos clubes nas Assembleias Gerais e nas decisões sobre a modalidade, fez com que muitos clubes tenham deixado de participar nesses momentos de decisão por vermos as nossas ideias esquecidas e postas de parte por outro tipo de prioridades e interesses.
Pelo que temos constatado, os cubes vão sobrevivendo cada um por si, visto que as prioridades da FPS não passam por apoiar aquilo que entendemos ser a base do desporto - os clubes.

 

 

 

 

"Na prática não recebemos qualquer tipo de apoio

nem técnico nem financeiro - por parte da FPS..."

 

 

 

 

 

Surftotal: Tem havido ou está previsto algum tipo de contacto e/ou apoio de entidades desportivas a nível local e nacionais?

A ASA tem mantido contacto com as instituições locais - Capitania do Porto de Aveiro e câmaras municipais da nossa região - que apesar de não serem entidades desportivas nos têm apoiado nas nossas atividades.
A nível nacional a única entidade com que temos contacto é a FPS, mas apenas para questões relacionadas com o normal funcionamento da ASA - federar atletas, candidaturas e homologação de eventos e pouco mais.
Na prática não recebemos qualquer tipo de apoio - nem técnico nem financeiro - por parte da FPS.
Provavelmente muitos clubes podem vir a ficar asfixiados pelas suas responsabilidades financeiras (rendas das sedes, água, luz...) e sem capacidade de as cumprir, pois a falta de funcionamento da formação e a realização de eventos, que são a única forma de obter recursos financeiros, estão completamente paradas.
Até ao momento apenas recebemos por parte da FPS informação sobre uma ação de formação designada de "Guia de Boas Práticas para o regresso do ensino do Surfing" onde apenas terá direito a participar um elemento de cada clube ou escola.
A nível de formas de obtenção de apoios financeiros para ultrapassar as dificuldades que temos neste momento de pandemia, não temos conhecimento de nenhum projeto.

 

 

 

"Será alguém que está fechado num escritório em Lisboa

que irá decidir o que vai ser feito..."

 

 

 

Surftotal: Sabendo que todas as praias têm características diferentes, consideras que clubes deveriam estar de alguma forma envolvido na abertura das praias?

Na verdade as praias continuam abertas...
Para a definição de novos procedimentos para a época balnear, sim estamos disponíveis para colaborar. Apesar de não representarmos todos os surfistas, temos um conhecimento muito grande da realidade das nossas praias, visto que são os surfistas que as utilizam todo o ano, salvando muitas vidas no período em que as entidades deixam as praias ao abandono, sem vigilância e sem limpezas regulares.
No entanto, tecnicamente, não temos conhecimento dos procedimentos que vão ser exigidos, assim como não temos conhecimento dos meios disponíveis, quer humanos quer financeiros, para a implementação desses procedimentos. Mas não temos grandes expetativas em relação a isso, pois será alguém que está fechado num escritório em Lisboa que irá decidir o que vai ser feito.

A ASA vai continuar a sensibilizar a população em geral, passando uma mensagem de responsabilização pessoal a todos os que utilizam a praias - para surfar ou não - de forma a não que se dê nenhum passo em falso e que se estrague tudo o que o povo português tem estado a fazer no combate a esta pandemia.

 

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