FOTÓGRAFO PORTUGUÊS SALVA SURFISTA NAS MENTAWAI

Desde 2010, que Bruno “Smith” Magalhães viaja por longas temporadas para a Indonésia. Este ano está lá desde Março

 

Em Maio deste ano, Bruno “Smith” Magalhães viu-se obrigado a resgatar um surfista norte-americano que acabou por ser embrulhado nas ondas de Rifles, em Playground, nas Mentawai. “Foi numa sessão que estavam ondas perfeitas em Rifles, já com algum tamanho e este swell coincidia com a lua cheia, o que significa grande amplitude nas marés”, explicou o fotógrafo à SurfTotal, que desde 2010 tornou-se “local”, estando a trabalhar no resort Kandui Villas.

 

Bruno, que estava no jet-ski a aproveitar o momento para tirar umas fotografias – paixão que tem desde pequeno -, acabou por assistir ao acidente. “Na altura em que o Robert apanhou a onda, a maré já estava muito vazia, seca. Ele dropou, fez o bottom turn e logo em seguida a onda duplicou o tamanho. Percebi logo que se ia transformar num tubão animal e ia ficar muito raso. Ele estava demasiado dentro do tubo para conseguir sair”, explicou-nos o português natural de Miramar, de 33 anos.

 

Após a onda quebrar totalmente, dando lugar à espuma, foi possível avistar Robert, mas ainda impossível resgatá-lo. “Foi nessa altura que o vi com a cara em sangue e pedi ao Kaliang, um rapaz que trabalha comigo, para nos aproximarmos, mas nesta altura não me apercebi do quão mal estava.”

 

Impedidos de fazer o salvamento “devido às condições”, numa segunda tentativa, Bruno conta-nos que teve de agir o mais depressa possível. “Larguei a minha câmara na caixa estanque no outside e arrancámos a fundo. Atirei-me para a água e agarrei-o porque ele estava sem sentido de orientação. A partir daqui tentámos sair o mais rápido possível daquela zona, mas sempre com muito cuidado porque não sabíamos a gravidade das lesões”, continuou.

 

Não era a primeira vez que Robert, de 30 anos, estava no local para surfar, mas foi sem dúvida a primeira vez que viu a sua vida em perigo. “Estavam ali pessoas que surfam aquela onda diariamente e que estavam muito seletivos na escolha, já por estar muito raso… acho que foi aquela adrenalina toda de ver os outros a fazer grandes tubos, juntamente com a obsessão que a maioria dos surfistas tem por fotos que levou a que o acidente acontecesse”, considerou.

 

“Smith”, alcunha apelidada pelos amigos por ter “ar de bife”, contou-nos ainda que Robert esteve cinco horas a levar pontos na cara, antes de fazer uma viagem de quatro horas de barco até Padang, para poder voar para Jakarta, com destino final a Singapura. “Isto porque ele queixava-se de sentir uma forte pressão na cabeça. Depois falei com o médico que o assistiu no resort. Ele tinha pedaços de coral nos ossos da cara…. Nunca vi alguém neste estado.”

 

O norte-americano acabou por ficar duas semanas internado em Singapura, tendo regressado a casa para fazer uma reconstrução facial. 

 

BS

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