DO SURF AO JIU-JITSU: A ARMA AQUI É SEMPRE A TRANQUILIDADE!

A SurfTotal falou com vários surfistas profissionais que praticam artes marciais.

 

O que terão em comum Kelly Slater, Jeremy Flores ou Jay Moriarity em comum? Sim, um é 11 vezes campeão do mundo de surf. O outro sagrou-se mais recentemente campeão europeu. E o último foi um dos melhores surfistas de ondas gigantes já vistos até hoje. Em comum, além da paixão pelo surf, acumulam (ou acumulavam, no caso de Jay) ainda outra paixão. A paixão pelo jiu-jitsu, uma arte marcial. Mas não são os únicos. Muitos surfistas, hoje em dia, são fãs desta modalidade. E estão por todo o mundo. Portugal não é excepção, claro. A SurfTotal quis perceber por quê e falou com alguns deles.

Por Patrícia Tadeia 

 

Quem pratica a modalidade de certeza que já ouviu falar do franco-brasileiro Yannick Beven. Faixa-preta de jiu-jitsu e irmão do surfista profissional Patrick Beven, Nick é um dos mais conhecidos e conceituados praticantes da modalidade, treinando surfistas como Jeremy Flores e Kelly Slater, bem como o team da Quiksilver em França.

 

“O meu irmão Nick colocou-me em cima de uma prancha aos 8 anos. Agora tenho 30. Também pratico jiu-jitsu para seguir o meu irmão. Muitos amigos meus treinam também no Brasil, já para não falar de muitos surfistas profissionais como Joel Tudor, Kelly Slater, Tiago Pires, Bruce Irons e outros!”, conta Patrick Beven à SurfTotal.

 

“Sinto que o jiu-jitsu tem um pouco a ver com o surf. Estamos só com um adversário e usa-se muito a cabeça, é preciso muita calma”, continua o surfista que nasceu no Brasil, mas que se mudou para França aos 12 anos.

 

“No jiu-jitsu temos que pensar na técnica quando estamos na pior. É um pouco parecido com o surf. Só que o surf é técnica e não força. O surf é flow, velocidade e manobras radicais na parte critica da onda. O jiu-jitsu é calma e técnica e explosão na hora que o adversário tenta fazer algo. Adoro jiu-jitsu!”, confessa o surfista profissional que em 2009 eliminou Joel Parkinson e Bobby Martinez durante o Quiksilver pro France.

 

“O jiu-jitsu ajudou muito na minha preparação para o surf, faz-me estar pronto para condições grandes e para surfar todo tipo de onda. Cada um tem a sua preparação, para uns é a música, para outros o golf, o boxe...” conclui.

 

Também o brasileiro Jadson André, que venceu recentemente o Cascais Billabong Pro em Portugal, é um fã da modalidade. “Faço há uns 8 anos, porém só como hobby mesmo! Sou focado demais no surf .... Ajuda a relaxar quando fico stressado”, confessa à SurfTotal. Aliás, no Brasil, esta é uma modalidade com bastante procura entre os surfistas.

 

E em Portugal, quem já aderiu?

Mas não é só por França e pelo Brasil que os atletas deixam a prancha arrumada enquanto seguem para os ginásios. Também por cá, o jiu-jitsu tem vários adeptos. José Ferreira é um deles. “Faço boxe há alguns anos e queria experimentar outra coisa, por isso comecei no jiu-jitsu hà pouco tempo por influência do meu padrinho Miguel Ribeiro Ferreira e do meu professor Sérgio Vita do Vita Team, e desde logo gostei muito! Tanta gente faz e realmente tem uma razão de ser”, conta à SurfTotal o surfista do Guincho, que começou na modalidade há oito meses.

 

“Sinto que muitas vezes no jiu-jitsu encontramo-nos em situações de chaves que asfixiam ou magoam e em que temos de manter a calma, ser frio e usar a cabeça. É fácil perceber o transfer que isto tem para a competição! Já para não falar que è um ótimo complemento físico a nível de força e flexibilidade”, acrescenta.

 

Quem também treina com José Ferreira é Pedro Henrique, mas já conta com muitos anos de experiência. O brasileiro e ex-campeão mundial júnior treina jiu-jitsu desde criança. “O meu tio é professor e sempre gostei de treinar, mas nunca consegui seguir firme, pois sempre viajei muito para competir no surf”, conta.

 

“Sinto-me muito ágil e com um bom preparo aeróbico após os treinos, e o mais importante na minha opinião é a maneira como temos que raciocinar em momentos difíceis .. ajuda muito nas competições de surf”, confessa à SurfTotal.

 

Para Pedro Henrique “o jiu-jitsu não tem muitas semelhanças em movimentos com o surf”. “Mas como todas as outras artes sempre tiramos muitas coisas boas não só para o surf, mas para a vida”, conclui.

 

Jiu-jitsu ajuda nas ondas grandes

A viver em Portugal temos ainda outro fã da modalidade. Eric Rebiére começou a treinar mais assiduamente Brazilian Jiujitsu em janeiro deste ano. “Fazia uns treinos quando ia para o Havai. Depois voltei a fazer por ter um grande amigo meu que dava aulas na Ericeira, o Ze Marcello da Icon Team”, conta à SurfTotal.

 

Para Eric, além das vantagens físicas, o jiu-jitsu é ótimo para a concentração. “Estar em momentos desconfortáveis e conseguir pensar calmamente(o que acontece na minha prática de ondas grandes)”, afirma. “As artes marciais também são uma grande família, um pouco como o surf”, conclui.

 

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