John John Florence: “O surf ensinou-me a estar presente”
Tricampeão da WSL partilha visão íntima sobre a mente do surfista, o poder do oceano e o motivo pelo qual se afastou da competição no auge
John John Florence, um dos mais respeitados e talentosos surfistas da história moderna, foi o convidado mais recente do Rich Roll Podcast, num episódio que já está a gerar bastante conversa entre fãs de surf e não só. Com três títulos da World Surf League (WSL) no currículo e um lugar cimentado na elite mundial, o havaiano escolheu afastar-se do circuito competitivo em plena forma, trocando o ritmo frenético das etapas pelo silêncio do mar aberto e da exploração interior.
Durante a entrevista, John John fala abertamente sobre os desafios da alta competição, o paradoxo da performance de elite, e a forma como o surf, mais do que uma carreira, é uma ferramenta de conexão com o momento presente.
“Há dias em que estás no mar e o teu corpo está lá, mas a mente está a mil. Pensas nas pontuações, nos patrocinadores, nos rankings. Mas o surf não é sobre isso. É sobre estares presente com as ondas, com o que o oceano te oferece.”
Florence discute também o conceito de estado de fluxo (flow state), aquele ponto onde tudo parece alinhar-se naturalmente, e onde o surfista se funde com a onda de forma instintiva. Para ele, chegar a esse estado exige não só treino físico, mas sobretudo mental — algo que, acredita, é desvalorizado no mundo do desporto profissional.
Uma decisão consciente de abrandar
A entrevista aprofunda os motivos que o levaram a colocar uma pausa na sua carreira competitiva. John John sublinha que não se trata de um adeus definitivo, mas sim de um momento de introspecção e reconexão com a essência do surf.
“Nos últimos anos, percebi que estava mais preocupado com os resultados do que com o prazer de surfar. O surf é o que me trouxe até aqui, mas comecei a perder o contacto com o porquê.”
Rich Roll, anfitrião do podcast e conhecido pela sua abordagem profunda a temas de bem-estar e performance, conduz a conversa com sensibilidade e respeito, permitindo que John John se abra como raramente se viu em público.
Humildade e legado fora de água
A entrevista termina com uma nota mais pessoal, onde Florence partilha o desejo de ser “um bom pai e um bom marido”, quando essa fase da vida chegar. E talvez seja esta humildade — rara num desporto cada vez mais mediático — que continue a fazer de John John Florence uma das figuras mais admiradas do surf mundial.
Destaques do episódio:
John John explica porque decidiu fazer uma pausa na WSL
O surf como ferramenta para silenciar a mente e encontrar o presente
A importância do “flow state” e da ligação intuitiva com o mar
Reflexões sobre sucesso, equilíbrio emocional e o futuro fora da competição