O surfista local Piso Alcala, campeão do Siargao Cloud 9 Surfing Cup em 2014, a surfar a direita tubular das Filipinas. O surfista local Piso Alcala, campeão do Siargao Cloud 9 Surfing Cup em 2014, a surfar a direita tubular das Filipinas. quinta-feira, 17 julho 2025 18:37

Proibição de iniciantes em Cloud 9 reacende debate sobre a massificação do surf

Spot Filipino reacende o debate...

 

FA emblemática direita de Cloud 9, na ilha de Siargao, Filipinas, tornou-se palco de uma nova medida polémica: a proibição de surfistas principiantes na onda principal, a menos que estejam acompanhados por um instrutor qualificado.

A decisão surge após anos de crescente conflito dentro e fora de água. A famosa onda, surfada nos anos 90 pelo fotógrafo John Callahan numa viagem com Taylor Knox e Evan Slater para a Surfer Magazine, tornou-se um ícone do surf mundial — mas também uma vítima da sua própria fama.

Hoje, Cloud 9 é mais do que uma onda perfeita sobre um recife afiado: é um destino turístico lotado, onde escolas, camps e até surfshops locais alugam pranchas a iniciantes sem qualquer filtro. A consequência? Acidentes frequentes, conflitos no line-up e um ambiente cada vez mais tenso.

 

Um sistema de controlo descentralizado

Face ao caos, um grupo de surfistas locais e experientes liderou um movimento que culminou numa nova regra: não será permitido o aluguer de pranchas a iniciantes, a menos que estejam sob supervisão direta.

Segundo o site Stab Magazine, foi implementado um sistema informal mas descentralizado: cada pico terá um responsável encarregado de aplicar as regras no local. Resta saber quem irá definir esses "chefes" de pico e como serão respeitadas as diretrizes.

A decisão tem sido celebrada por alguns como um passo importante para proteger a integridade do surf local. No entanto, muitos especialistas apontam que esta medida, por si só, não resolve o problema da massificação.

 

Uma realidade global

O que acontece em Cloud 9 não é um caso isolado. Lombok, Marrocos, Maldivas e até Portugal vivem desafios semelhantes. Em alguns destes destinos, os instrutores e os seus alunos passam a dominar os line-ups, muitas vezes ignorando a etiqueta do surf e a prioridade nas ondas.

Nalguns casos, quem paga uma aula acaba por ter “preferência comprada”, o que gera tensão com os locais e surfistas mais experientes.

O problema estrutural

A verdade é que o surf moderno enfrenta um dilema estrutural: mais pessoas do que nunca querem surfar, mas os recursos — as ondas de qualidade — continuam a ser os mesmos. Se antes um principiante podia esperar pacientemente num canto do pico até apanhar uma "sobra", hoje essas sobras simplesmente já não existem quando o line-up tem 20 pranchas de soft-top à deriva.

Conclusão

Será esta medida o início de uma nova era no surf? Provavelmente não. Mas é um reflexo do crescente desconforto que se vive nos principais destinos de surf do mundo. Medidas como esta mostram que é urgente discutir soluções sustentáveis que equilibrem o acesso ao mar com a segurança, respeito e evolução natural dos praticantes.

Enquanto isso, Cloud 9 continua a quebrar com perfeição — mas agora, com olhos atentos no line-up.

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