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Lito Santos — Um mês de saudade por um verdadeiro waterman
O Lito foi daqueles surfistas que marcaram uma geração.
Faz sensivelmente um mês que o surf português perdeu um dos seus, um surfista de alma e mar
Lito Santos, surfista nascido em Oeiras e figura querida entre Carcavelos e o Porto, partiu cedo demais, deixando um vazio profundo — mas também uma herança de amizade, humildade e amor pelo mar.
O Lito foi daqueles surfistas que marcaram uma geração.
Em Carcavelos, onde muitos o conheceram, era presença constante dentro e fora de água — sempre sereno, com um sorriso fácil e uma energia tranquila. Foi lá que também o conhecemos, entre sessões com o Caroço, o Bira e tantos outros amigos, quando o surf ainda era feito por puro instinto e paixão.
Na altura, as pizzas no centro comercial de Carcavelos, entre pranchas e sonhos, eram quase rituais de juventude. O Lito fazia parte dessa essência.
O amor levou-o depois para o Porto, onde encontrou o seu lar com a companheira e os dois filhos, escolhendo Vila Nova de Gaia para viver junto ao mar.
Foi ali, nas praias que tanto amava, que continuou a surfar quase todos os dias — fiel à sua forma de estar no surf e na vida: simples, dedicada e genuína.
O cunhado, Ricardo Sapage, recorda-o assim:
“Mais vale uma rua no Porto que a Gaia toda!” — era a frase que mais o irritava. O Lito, sendo de Oeiras, nunca entendeu bem a rivalidade entre Porto e Gaia. No fundo, foi por causa dele que toda a família acabou em Gaia.
Ele tinha uma paixão imensa pelas praias e pelos picos de Gaia, e fazia questão de nos mostrar esse encanto em cada visita. Com ele aprendi que não se tratava de Porto ou Gaia — mas sim de estar juntos, no lugar onde ele era feliz e nos fazia felizes.”
As muitas mensagens deixadas por amigos e companheiros de mar mostram bem o impacto que teve:
“Era um gentleman dentro e fora de água.”
“Um dos gajos mais gente boa que conheci no surf.”
“Sempre sereno, educado e respeitador.”
“Ficam as memórias das surfadas em Rocky Point, dos sorrisos e da calma que transmitia.”
Pioneiro do bodyboard em Portugal, Lito fez parte do primeiro grupo de atletas a competir pelo país no estrangeiro, antes de abraçar o surf, onde se manteve até aos seus últimos dias — sempre com o mesmo brilho nos olhos.
Hoje, as ondas continuam a quebrar em Rocky Point, onde as suas cinzas repousam, e onde o seu espírito parece ainda estar presente em cada série perfeita.
Um mês depois, a saudade continua — mas também o orgulho de ter partilhado o mar com alguém que viveu o surf com alma e respeito.
Descansa em paz, Lito
O teu exemplo e serenidade permanecem entre nós.