“O dia estava no limite entre a glória e o desastre. O Lucas estava pronto para a glória. Eu estava pronto para o desastre.” Sebastian Steudtner
Sebastian Steudtner destaca segurança, risco e espírito de equipa após momento crítico no Tudor Nazaré Big Wave Challenge 2025.
Sebastian Steudtner, um dos nomes mais respeitados do towin surf de ondas grandes a nível mundial, partilhou uma reflexão profunda nas redes sociais após o TUDOR Nazaré Big Wave Challenge 2025, sublinhando a importância da segurança, da comunicação e da preparação num dia que esteve “no limite entre a glória e o desastre”.
O surfista alemão revelou que, ao longo dos últimos dez anos, a sua maior preocupação na Praia do Norte da Nazaré sempre foi o risco de alguém ser projetado contra as rochas em dias de mar extremo. Foi precisamente essa preocupação que o levou a criar, há vários anos, uma associação dedicada à avaliação de risco, com o objetivo de estudar formas de minimizar os perigos associados ao surf de ondas gigantes na Praia do Norte.
“Uma grande parte da segurança passa pela comunicação e por termos olhos em todos os cantos do pico, a todo o momento. Eu digo sempre: stay ready”, escreveu Steudtner.

De forma quase simbólica, Sebastian foi chamado em cima da hora para assumir a liderança da operação de segurança aquática do evento. Uma responsabilidade que aceitou e reformulou rapidamente, redistribuindo funções dentro da equipa logo desde o primeiro heat da competição.
Foi nesse contexto que ocorreu um dos momentos mais marcantes do evento: o violento wipeout de Lucas ‘Chumbo’ Chianca, numa das zonas mais críticas do pico.
“Quando o primeiro heat começou, eu sabia que o Lucas ia ir com tudo. Isso faz parte de quem ele é. Um campeão”, afirmou Steudtner.
Antecipando esse cenário, a equipa decidiu que Sebastian permaneceria próximo do Pico 1, o mais exposto e perigoso. Uma decisão que viria a revelar-se crucial.
“O dia estava no limite entre a glória e o desastre. O Lucas estava pronto para a glória. Eu estava pronto para o desastre.”
Steudtner foi precisamente quem resgatou Lucas Chianca após o wipeout, num momento que descreve como profundamente marcante, tanto a nível profissional como humano.

“Foi um momento que nos reconectou e que nunca vou esquecer. Tenho muito orgulho em ti, Lucas, por dares sempre tudo e por continuares a puxar os limites.”
Na mesma reflexão, Sebastian Steudtner fez ainda questão de destacar o desempenho das surfistas femininas, reforçando que o surf de ondas grandes não é exclusivo dos homens.
“Muito respeito por todas as mulheres que carregaram ondas gigantes e mostraram isso ao mundo”, escreveu, referindo nomes como Michelle des Bouillons, Laura Crane e Justine Dupont.
A mensagem termina com um agradecimento sentido à comunidade de surf da Nazaré e, em especial, à equipa de operações aquáticas, que o acolheu como líder num momento de grande exigência e responsabilidade.
“O mais importante de tudo é agradecer à minha equipa de water ops. Um grupo incrível de seres humanos. Nada disto seria possível sem vocês.”
Num evento marcado por decisões difíceis, condições extremas e riscos reais, o testemunho de Sebastian Steudtner oferece um olhar raro e esclarecedor sobre o que está por detrás do espetáculo — onde a segurança, a antecipação e o trabalho de equipa são tão decisivos quanto a coragem de enfrentar algumas das maiores ondas do planeta.
- Créditos fotos: Damien Poullenot and Mazurell / World Surf League






