Uma breve história do campeonato de surf de Pipeline (parte 4) WSL/Heff domingo, 29 janeiro 2023 11:18

Uma breve história do campeonato de surf de Pipeline (parte 4)

Uma história em 4 partes sobre o campeonato mais importante para o mundo do surf.

Parte quatro.

 

A «Tempestade Brasileira», o prodígio John John, e uma nova era para a WSL

 

Em 2014 o vencedor do Pipeline Masters é australiano Julian Wilson, curiosamente daria início ao fim da era de ouro dos australianos no surf mundial. Uma final absolutamente épica disputada até ao último segundo, com o australiano a conseguir o score combinado de 19.63, contra uns 19.2 do fenómeno brasileiro Gabriel Medina.

Em 2015, dá-se inicio então a uma época de domínio brasileiro no surf mundial, com o surgir de uma nova geração cheia de talento. Adriano de Sousa veterano no Tour, e «trailblazer» da futura geração atinge o culminar da sua carreira.  Uma vez mais o vencedor de Pipeline é corado o campeão do mundo, na segunda final seguida de Gabriel Medina – derrotado - em Pipeline, desta vez contra Adriano de Sousa. E assim surgiu o primeiro brasileiro campeão do mundo!

 

 

2016 traz-nos um campeonato cheio de surpresas. A final, disputada em ondas mais pequenas do que o desejável, acaba por inscrever Michel Bourez na história. Seria a primeira vez que um surfista tahitiano venceria a prova rainha das competições de surf. Curiosamente o seu adversário na final foi Kanoa Igarashi, o Japonês criado na Califórnia e apaixonado por Portugal. Seria também a primeira vez que um surfista Japonês chegaria a uma final de Pipeline. O campeão do mundo desse ano seria John John Florence.

 

 

Em 2017 o prodígio John John Florence, local de Pipeline, aquele que todos sabíamos desde os 12 anos que estava destinado a ser campeão do mundo, vence de forma peremptória o seu segundo título mundial, e um pouco à semelhança de Kelly Slater, fá-lo a um nível quase extra-terrestre, demonstrado sempre qualquer coisa acima de todos os outros. A final, com um John John já coroado campeão do mundo foi dominada por Florence quase do principio ao fim. Quase. Porque literalmente na última onda do heat, já com a buzina a tocar, o francês Jeremy Flores, apanhou a sua última onda, onde de forma dramática consegue um 8.33, para dar a volta ao Heat, e vencer o Pipeline Masters pela sua segunda e última vez.

 

 

Chegados a 2018, Medina manda a casa abaixo. O surfista brasileiro, também prodígio desde muito novo vence categoricamente o Pipeline Masters, em condições épicas, e naquela que seria a sua terceira final. Ainda para mais contra um dos seus arqui-rivais, o australiano Julian Wilson, com o qual já tem um histórico marcante de disputas. Medina, leva para casa também o Título de campeão do mundo.

 

 

2019 assistimos ao nascimento de mais um fenómeno. Ítalo Ferreira, um surfista brasileiro eléctrico, mas à época subestimado surpreende tudo e todos com o seu primeiro título de campeão mundial, conquistado precisamente na final em Pipeline, contra Gabriel Medina, que já adquirira o estatuto de mestre em Pipeline ao realizar a sua quarta final.

 

 

 

Uma Pandemia, e um novo formato que mudaria tudo

 

2020 foi um ano negro na história mundial, e na história do surf, afectado por uma Pandemia provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2. O Tour acabaria por ser cancelado, não havendo campeão do mundo pela primeira vez desde que existe competição. E não havendo propriamente um Pipemaster correspondente a esse ano.

Contudo a WSL anuncia mudanças radicais no seu formato, e o evento de Pipeline sobretudo viria sofrer com estas alterações. Pela primeira vez em 50 anos o campeonato de Pipeline deixaria de ser o evento que coroa campeões do mundo, como grande finale do Championship Tour, e passaria a ser o primeiro evento do ano. A WSL introduz também o conceito das Finais WSL, que seriam disputadas em Setembro de 2021 em Lower Trestles na Califórnia, onde os 5 melhores surfistas da categoria masculina e da categoria feminina, iriam ter um dia de super-finais para decidir entre si, quais os campeões do mundo.

Ora a WSL aproveitando a slot que estava já negociada, inicia a época oficial de 2021, com campeonato de Pipeline em Dezembro de 2020. E John John acabaria por vencer aquele que foi o 50º Pipeline Masters, numa disputadíssima final contra Gabriel Medina (sua 5ª final). Seria também a primeira vitória de John John no mais prestigiado evento do mundo de surf, depois de já ter estado muito perto de o vencer em 2017.

 

 

O campeão do mundo da época 2021 acabaria por ser novamente Gabriel Medina, que atingiria o estatuo de tri-campeão mundial, superando John John que apenas conta com dois títulos.

2022 foi mais um ano marcante. A WSL introduz ainda mais mudanças, com um novo formato do Championship Tour, re-introduzindo o polémico mid-season cut, onde a meio da época de 36 homens e 18 mulheres, o Tour fica reduzido a 24 homens e 12 mulheres para a segunda metade.

Assim completa-se um ciclo de mudanças, onde se altera o formato do Tour para terminar numa super final de um só dia em Setembro de cada ano, onde se perde Pipeline como prova final para prova inicial, onde se começa a incluir uma piscina de ondas com um formato de competição diferente como paragem oficial do Tour, onde se re-introduz um mid-season cut, onde as provas femininas e masculinas são realizadas nas mesmas paragens, e onde, talvez aquela que é a informação mais chocante, o evento de Pipeline perde o estuto de Pipemasters, para passar a ser apenas o Pipeline Pro.

Ora o que aconteceu, foi que a Vans era a marca que na verdade detinha os direitos do nome Pipeline Masters, e após as negociações terem falhado com a WSL, a Vans decidiu reclamar para si mesma a utilização do nome, realizando um evento próprio, com um novo tipo de formato inovador, realizado por convite, mas desconectado com o Championship Tour. A WSL perdeu assim os direitos a utilizar esse nome, e perdeu também assim a capacidade de chamar ao seu vencedor o Pipemaster.

Mas regressando à competição, vencedor em 2022 faria uma vez mais história. O único e incomparável, aquele que é indubitavelmente o melhor surfista do mundo de todos os tempos, Kelly Slater, 30 anos depois de ter vencido o seu primeiro título de Pipemaster, e à beira de completar 50 voltas ao sol, como surfista mais velho a conquistar este título. Com ou sem nome de Pipemaster, a verdade é que até hoje, nenhum outro surfista se pode considerar tão mestre de Pipeline como Slater, com 8 títulos de campeão de Pipeline, participou em 29 eventos, a média de resultados é 4º lugar, fez cinco 10s perfeitos, tem 64 ondas na casa do excelente, e a percentagem de vitória em heats é de 71%. Não há palavras, excepto: GOAT (greatest of all time – o melhor de todos os tempos).

 

Um emocionado Kelly Slater, após vencer o seu oitavo título de campeão de Pipeline, em 2022.

 

Uma das excelentes novidades que 2022 nos trouxe, que também entra para a história, foi que pela primeira vez realizou-se uma competição feminina para o CT em Pipeline, vencendo a Havaiana Moana Jones Wong.

 

De notar que hoje começa hoje, dia 29 de Janeiro de 2023 a janela de espera do Billabong Pro Pipeline, onde vamos ter a participação da portuguesa Teresa Bonvalot

 

Termina aqui uma breve (talvez, não tão breve assim) história do evento de surf mais prestigiante do mundo, divida em 4 partes.

Obrigado a todos por nos terem acompanhado nesta jornada.

 

A parte I do artigo, pode ser lida aqui.

A parte II do artigo pode ser lida aqui.

A parte III do artigo pode ser lida aqui.

 

Hall of fame do Pipeline Pro:

 

Masculino

 

1971

Jeff Hakman

     

1972

Gerry Lopez

     

1973

Gerry Lopez (2)

     

1974

Jeff Crawford

     

1975

Shaun Tomson

     

1976

Rory Russell

     

1977

Rory Russell (2)

     

1978

Larry Blair

     

1979

Larry Blair (2)

     

1980

Mark Richards

     

1981

Simon Anderson

     

1982

Michael Ho

     

1983

Dane Kealoha

     

1984

Joey Buran

     

1985

Mark Occhilupo

     

1986

Derek Ho

     

1987

Tom Carroll

     

1988

Robbie Page

     

1989

Gary Elkerton

     

1990

Tom Carroll (2)

     

1991

Tom Carroll (3)

     

1992

Kelly Slater

     

1993

Derek Ho (2)

     

1994

Kelly Slater (2)

     

1995

Kelly Slater (3)

     

1996

Kelly Slater (4)

     

1997

John Gomes

     

1998

Jake Paterson

     

1999

Kelly Slater (5)

     

2000

Rob Machado

     

2001

Bruce Irons

     

2002

Andy Irons

     

2003

Andy Irons (2)

     

2004

Jamie O'Brien

     

2005

Andy Irons (3)

     

2006

Andy Irons (4)

     

2007

Bede Durbidge

     

2008

Kelly Slater (6)

     

2009

Taj Burrow

     

2010

Jeremy Flores

     

2011

Kieren Perrow

     

2012

Joel Parkinson

     

2013

Kelly Slater (7)

     

2014

Julian Wilson

     

2015

Adriano de Souza

     

2016

Michel Bourez

     

2017

Jérémy Florès (2)

     

2018

Gabriel Medina

     

2019

Italo Ferreira

     

2021

John John Florence

     

2022

Kelly Slater (8)

     

 

Feminino

 

2022

Moana Jones Wong

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