Jack McCoy Jack McCoy Surfers Journal terça-feira, 27 maio 2025 07:16

Até sempre Jack McCoy, a Cultura do Surf ficou mais Pobre

Jack McCoy: O Homem que Filmou a Alma do Surf. Após vários anos de problemas de saúde, o lendário cineasta partiu de forma tranquila.

 

“Hoje, abracem aqueles que amam com um grande abraço de coração a coração, à Jack McCoy”, partilhou a família de Jack no Instagram. “Nunca se sabe quando será a última vez que vão poder partilhar um suspiro juntos. Apanhem uma bomba hoje pelo grande Jack.”

Não há realmente forma de resumir o que Jack significou para o surf, nem como ajudou a transformar este desporto e cultura para melhor. Desde os primeiros dias como miúdo no Hawaii até à sua última série de exibições na Austrália, Jack acreditou sempre na beleza, no poder espiritual do surf e na relação única que os surfistas têm com o oceano. Era a sua luz orientadora. De filmes marcantes como “Storm Riders”, passando pela narrativa de “The Occumentary”, no regresso às raízes no Billabong Challenge, a visão de Jack tornou-se a visão do surf — através da sua câmara e da sua forma de ver o mundo.

“Um desafio?! Adoro um desafio!”

 

Jack nasceu em Kailua, Hawaii, e cresceu ao lado de Gerry Lopez, Dennis Pang e da geração revolucionária de surfistas da costa norte, nos finais dos anos 60. Depois de viajar para a Austrália em 1970 com Pang, Lopez e a sua equipa, Jack decidiu ficar, evitando o recrutamento para a Guerra do Vietname, que estava no auge nos EUA. Conheceu o cineasta Dick Hoole e, inspirado pelo trabalho de Bruce Brown e outros realizadores de surf dos anos 60, decidiram fazer o seu primeiro filme de longa-metragem: (In Search Of) Tubular Swells, lançado em 1976 e com estrelas como Larry Bertelmann e Rabbit Batholomew.

Nos 50 anos seguintes, Jack definiu a cinematografia de água, criando práticas que ainda hoje são usadas e deixando mais de 25 obras-primas: Storm Riders (1982), The Green Iguana, The Occumentary, Sabotaj, Blue Horizon, Free as a Dog, A Deeper Shade of Blue, e claro, o incomparável Billabong Challenge, que levou os melhores surfistas do mundo a locais remotos da Austrália Ocidental, marcando o nascimento do chamado “Dream Tour” — a união perfeita entre os melhores surfistas e as melhores ondas do mundo.

Pelo impacto que teve no surf e na sua cultura, Jack foi introduzido na Surfing Walk of Fame em Huntington Beach em 2013 e, este ano, recebeu o Australian Surf Industry Association’s Service to the Industry Award.

Nos anos 80, enquanto finalizava um filme em Los Angeles, Jack ficou alojado numa mansão em Hollywood Hills — por um contacto especial. À tarde, enquanto editava, era visitado por dois convidados muito especiais: o rock star David Bowie e o lendário Eric Idle dos Monty Python. Ambos convenceram Jack de que ele não estava apenas a fazer filmes de surf, mas sim a criar arte — e libertaram-no para seguir a sua visão sem limites. Foi um momento que alterou para sempre a forma como Jack via o seu trabalho.

“A música é 50% dos meus filmes. Escolho sempre a minha música”, explicava Jack, que mais tarde colaborou com Paul McCartney para criar visuais para algumas das suas músicas. “Sou só um velho rockeiro — quando tens acesso à melhor banda do mundo e és amigo deles, como não aproveitar?”

Nos próximos dias, certamente muitas palavras bonitas vão ser ditas sobre Jack. Ele era alguém profundo que mudou o mundo de formas profundas. Lutou pelo oceano, pelos artistas, pelo surf. Deixou-nos filmes e histórias que ficarão para sempre. Mas, acima de tudo, Jack era um verdadeiro amigo. A sua bondade e compaixão excediam qualquer sucesso profissional — o que diz tudo.

 

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